Em um futuro próximo, em que a ciência alcança o segredo para a imortalidade humana, somente os ricos podem tornar-se imortais. Cada indivíduo é projetado, geneticamente, para se desenvolver até os 25 anos de vida. Após esse tempo, um relógio no braço de cada pessoa começa a contar o tempo restante para sua própria morte. O tempo de vida torna-se o dinheiro da sociedade.
Um simples café pode custar o equivalente a 4 minutos de vida, em um ambiente de grande processo inflacionário. Isso, pois, não há recursos para tantas pessoas viverem indefinidamente. Torna-se necessária a morte prematura de muitos, para garantir a "eternidade" de poucos. Eternidade entre aspas, uma vez que na zona dos ricos, ou seja, os que possuem muitas horas de vida, os serviços são cobrados a preços muito mais elevados, de forma a garantir o equilíbrio do sistema.
E o que a socidade pensa sobre aquilo que vivencia? Podemos ver que por parte dos ricos, não há motivo de preocupação para a situação atual, por mais que um simples descuido, numa mesa de poker, por exemplo, possa zerar o relógio da vida. Já na zona pobre, bem distante da outra realidade, vemos pessoas se esforçando ao máximo, na tentativa de prolongar suas vidas. É nesse contexto que o protagonista do filme, Justin Timberlake, resolve dar um fim a esse sistema. Ficou subentendido que seu pai, já falecido, também tivera essa ideia.
Ao conquistar algumas décadas de vida, doadas por um homem que já não queria mais viver, sai de seu bairro pobre para a zona dos ricos. É difícil imaginar que poderia mudar a situação sozinho. Para sua sorte conheceu a garota rebelde, a protagonista Amanda Seyfried, que vai ter papel fundamental nessa luta. Rebelde, pois abriu mão de sua vida de luxo e, supostamente, infinita, por uma causa, que poderia ser vista por muitos, como infundada. Não é de se esperar que alguém se entregue a um desconhecido tão facilmente, o que nos leva a pensar em duas hipóteses: nem sempre o desejo de poder prevalece, cenário em que a personagem prioriza seus sentimentos humanos; ou que houve uma certa precipitação para com os fatos por parte do roteirista e diretor do filme, Andrew Niccol.
Com um cenário social de intrigas, furtos e assassinatos, em que a esperança é utopia, o filme de Andrew Niccol se destaca, principalmente, pela criatividade. Não possui grandes efeitos especiais e, de certa forma, o filme é um pouco ambicioso. É interessante o mix feito entre o gênero fictício e o policial, de forma a dar muitas cenas de ação ao filme. Alguns pequenos problemas de roteiro podem ser percebidos, como ocorre em uma conversa sem fundamento entre o guardião do tempo e o pai da protagonista. Quanto ao restante da parte técnica, o filme cumpre com seus objetivos.
Certamente, Andew Niccol não decepcionou com “O Preço do Amanhã”. Não foi sua melhor obra, é de praxe filmes com mais conteúdo, como ocorre em “Gattaca – A Experiência Genética” e em “O Show de Truman – O Show da Vida”. Apesar disso, não deixa de ser um filme admirável.
À medida que assistimos, pensamos no quão dura pode ser essa realidade, em que muitos dormem sem saber se haverá tempo para sobreviver no dia seguinte. Será que um dia a ciência será capaz de fazer tal manipulação sobre a genética? Até que ponto será que o estudo científico pode ser vantajoso? Após ver este filme, ficamos com dúvidas como estas, que somente o tempo será capaz de responder.
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