Há quem garanta que o cinema argentino é melhor do que o brasileiro. Há quem diga apenas que o cinema argentino é bom. Sou desses. Isso porque acho que a comparação tem muitas chances de ser injusta e nos fazer perder o melhor das produções dos dois países para prestar atenção apenas na rivalidade. Já nos bastam as do futebol (repetivivas) e as do Mercosul (cansativas). Um Conto Chinês (Un Cuento Chino, Argentina, 2011) é uma delicada comédia comandada pelo onipresente e hors concours ator argentino Ricardo Darín. Ignacio Huang, um ator sino-hispânico a julgar pelo nome, coprotagniza o longa hermano. Diferentemente do recorrente pastelão ou do escracho escatológico e/ou sensual da maioria das comédias de Hollywood, o longa se apoia na estética do absurdo palpável e na hipótese do conflito de culturas. É realmente cômica a tentativa de convívio do rabugento e amargurado argentino Roberto, que só fala espanhol, com o ingênuo e desesperado chinês Jun, cujas falas, todas em mandarim, propositadamente não têm legendas. É um filme sobre o desafio e a beleza da comunicação. Unidos por uma vaca que cai do céu (!), eles vão protagonizar belas e engraçadas cenas. Há quem reclame do final, esperando um desfecho de comédia romântica dos EUA. Entretanto, pode-se dizer que o filme pertence ao gênero, sem haver exatamente um romance entre os protagonistas.
Críticas
9,0
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