"Lembre-se, George: nenhum homem é um fracasso quando tem amigos."
Transformado em um clássico natalino nos Estados Unidos, A Felicidade não se Compra não foi planejado inicialmente como tal. Foi só depois de seu estúdio perder os direitos autorais sobre a obra (e eles ficarem livres), nos anos 70, que ele passou a ser exibido nessa época do ano, sem custo, pelas emissoras. A partir daí, o filme virou o clássico que é considerado hoje. Merecidamente, faça-se justiça. É um filme inspirador, que fala sobre os mais simples sentimentos humanos, e como as pessoas parecem esquecê-los na maioria das vezes. O certo é que depois desse pouco mais de duas horas de filme, somos levados a refletir sobre nós mesmos, e nos colocar no lugar do personagem principal, vivido por James Stewart.
George Bailey (Stewart) cresceu em uma cidade pequena do interior dos Estados Unidos, sempre sonhando em viajar pelo mundo, conhecer outros lugares. Porém, por acasos e problemas da vida, ele foi permanecendo por Bedford Falls (e quem já morou e mora em uma cidade pequena e sempre quis algo maior sabe, ou ao menos imagina, o que não deve ter sido a decepção do personagem), até que, por um problema financeiro, resolve se matar. Aí então ele recebe uma ajuda de Deus, que manda um atrapalhado anjo de segunda classe, Clarence (Henry Travers) - que depende de ajudar Bailey para conseguir suas asas - e tem a possibilidade de ver como seria a vida das pessoas da cidade sem ele. É quando percebe que sim, o que pode parecer um simples gesto, pode mudar a vida das pessoas, e que cada relação que temos nos modifica.
Porém, a maior parte do filme conta a história de vida de Bailey, com Deus e Jesus como voz de fundo, explicando ao anjo Clarence de quem ele iria cuidar. Desde quando garoto, quando salvou a vida de seu irmão, até o casamento com Mary (Donna Reed), são passados os acontecimentos, que descobrimos na última meia hora de filme não terem sido mostrados em vão. Nada no filme é mostrado de graça, tudo acaba se encaixando ao final.
Outro ponto importante é o vilão da história, Mr. Potter (Lionel Barrymore), um dos vilões mais odiados do cinema, e, que diz-se, Capra foi sempre perguntado porque não lhe deu um final pior. Apesar da clara divisão vilão/mocinho entre ele e Bailey, em nenhum momento ficamos fartos dessa divisão, até porque sabemos que este tipo de pessoa existe, e que os seus atos são, se não justificáveis, explicados.
A cena final, ao som de Auld Lang Sine (originalmente seria Ode to joy), que reúne todos as pessoas ajudadas por Beiley, é uma cena linda, um belo fechamento para um dos filmes mais bonitos da história do cinema.
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