A vida é composta de várias fases e desafios, que temos que passar em busca de amadurecimento, para obtermos nossos objetivos. São muitas as dificuldades, seja na infância, na vida adulta, e na tão conturbada adolescência. Agora imagine sua vida, com pontuação, bônus, vidas extras e continues?
Baseado na HQ homônima que foi sucesso de criticas, o filme dirigido pelo excelente Edgar Wright – responsável por duas das melhores comédias dos últimos tempos: Todo Mundo Quase Morto e o estupendo Chumbo Grosso – adapta de forma perfeita – e até melhor – a versão escrita, contando com muita cultura pop, e efeitos maravilhosos e originais. O único contra do filme foram as bilheterias, que ficaram a baixo do esperado, seja pela péssima distribuição do filme – aqui na minha cidade, ficou apenas uma semana em cartaz – ou pela incapacidade do grande público de absorver filmes bons de verdade – explicando o sucesso do lixo Crepúsculo, e o anonimato do próprio Chumbo Grosso!
Lógico que os créditos pela excelente história devem ir para Bryan Lee O’Malley, o criador dessa magnífica HQ, mas a verdade é que Edgar Wright deu um show na sua adaptação – fato muito raro de acontecer em adaptações. Apesar do visual cômico, e cenas hilárias, Scott Pilgrim Contra o Mundo não chega a ser um filme de comédia, mas uma miscelânea entre vários estilos, mantendo a originalidade não só no visual mas também no teor da história, provando que apesar de Wright não lucrar alto nas bilheterias, tem uma alma especial para rodar seus filmes!
Scott Pilgrim(Michael Cera), é um típico adolescente nerd, membro de uma banda de Indie Rock, que tenta se recuperar uma desilusão amorosa. O seu mundo começa a girar quando conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), uma garota impulsiva que vai contra tudo o que Pilgrim conhece. Arrebatado pela moça - e ainda preso pelo seu relacionamento atual - Scott terá que passar por uma singular tarefa para ficar com ela: enfrentar e vencer todos os “sete ex-namorados malignos” de Ramona!
Apesar de ser uma adaptação de HQ, e não de um Game, Scott Pilgrim Contra o Mundo é de longe um dos melhores filmes sobre o tema já feitos. As batalhas contra os “ex-namorados malignos”, são semelhantes as fases de um vídeo game, com pontuação e tudo, e aqui que fica evidente o ponto alto do filme: os efeitos especiais.
Os efeitos presentes no filme estão sublimes, e tudo gira a favor para que tudo pareça um grande jogo, dando ao filme um visual extremamente original. Durante as batalhas, efeitos sonoros clássicos da era 16-bits estão completamente presentes, seja através dos narradores clássicos de games de luta – “VS”, “ROUND 01, FIGHT” “2 PLAYER MODE” “K.O” – ou através de continues, vidas, e os inimigos que viram moedas quando são destruídos, isso sem falar na constante presença de onomatopéias gráficas ao longo do filme: “DING DONG”, “CRASH”, “KABUM”. Com essa carga visual e sonora, é impossível não se lembrar de Street Fighter ou Super Mário World, e perceber que estamos diante de um dos filmes mais originais – tanto pelo roteiro, como pela estética – dos últimos tempos.
Mas mesmo com tantos efeitos, o que rouba a cena mesmo é o enredo, e esse não seria tão envolvente senão fosse pelos atores. Aqui até o mais coadjuvante personagem, é verossímil e cada um se encaixa dentro da história de alguma forma. Os destaques vão obviamente para: Michael Cera que mesmo interpretando alguém que está em busca da própria identidade dá um show e começa a se despontar como uma das promessas de Hollywood; Mary Elizabeth Winstead cai como uma luva na inconstante Ramona; e Ellen Wong que é Knives Chau a ex namorada de Pilgrim, que funciona como um “o outro ponto de vista” da desilusão amorosa sofrida por ele.
Para quem não viu o filme – ou viu a ainda não sacou – e só leu a critica, uma coisa deve ser esclarecida: Scott Pilgrim Contra o Mundo não é um filme sobre um jogo de vídeo game, e não o personagem não tem poderes. Toda a estética, e efeitos visuais não passam de uma grande metáfora sobre a vida. As batalhas contra os “Bosses”, as fases e tudo aquilo, não passa de uma fábula sobre o amadurecimento, pela busca do auto conhecimento. A longa batalha jogada por Pilgrim, é na verdade a mesma batalha pela qual todo adolescente passa na fase mais conturbada da vida, a batalha pela própria identidade – a cena da auto estima, que é retratada como uma espada, cheia de bônus extras, é simplesmente sublime!
Pode não ter faturado alto nas bilheterias, mas Scott Pilgrim é de fato uma das melhores adaptações de uma HQ, e uma das melhores histórias sobre o amadurecimento já escritas.
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