O norte-americano Terry Gilliam, homem por trás de clássicos como Monty Python em Busca do Cálice Sagrado (1975) e Brazil - Filme (1985), é conhecido pelas imensas dificuldades que enfrenta para finalizar seus projetos – isso quando consegue finalizá-los.
Com seu mais recente filme, O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, não poderia ser diferente. Mais ou menos na metade das filmagens, Gilliam perdeu um de seus principais atores, Heath Ledger - vítima do uso abusivo de medicamentos.
Mas, com a imaginação que lhe é peculiar, Gilliam encontrou não só uma maneira de salvar o filme como, também, de homenagear o falecido amigo. Para isso, chamou Jude Law, Johnny Depp e Colin Farrell para substituir o ator nas cenas que ainda não haviam sido filmadas. Como isso foi possível? Ora, estamos falando de um filme de Terry Gillian...
Na história, conhecemos dr. Parnassus (Christopher Plummer), um homem de mais de dois mil anos que viaja mundo afora com seu pequeno circo itinerante, do qual fazem parte seu fiel, e pequeno, parceiro Percy (Verne Troyer), o jovem Anton (Andrew Garfield, de A Rede Social) e a bela Valentina (Lily Cole), filha de Parnassus. O velho senhor tem um longo histórico de apostas com Nick (Tom Waits), o Diabo, que está de volta para cobrar um de seus prêmios: Valentina, que logo completará 16 anos.
Angustiado com a iminente perda de sua filha para o tinhoso, Parnassus encontra em Tony (Ledger, Depp, Law e Farrel), um moribundo desmemoriado que junta-se à trupe, uma esperança de salvar sua filha, já que, com seu aparecimento, é feita uma nova proposta pelo Diabo: aquele que mais rápido conseguir 5 almas, fica com a moça.
É no imaginarium, espelho mágico de Parnassus, que acontecem as disputas pelas almas. O espelho cria um mundo novo de acordo com a imaginação de quem o adentra – possibilitando até que alguém se transforme em quatro.
É nele que o filme ganha um ar “terrygilliano”. A londres suja e úmida do mundo real dá lugar a um lugar cheio de criaturas e situações surreais que facilmente nos remetem às animações criadas pelo diretor em sua época de Monty Python.
Mas não é esse o principal do filme. Na verdade, o tom onírico é só uma conseqüência (e das boas) da presença de Terry Gilliam por trás das câmeras. As principais virtudes de O Mundo Imaginário... são a história e os personagens (todos bem construídos e interpretados).
O último filme de Heath Ledger tende a ser apreciado por um público restrito, afinal, Terry Gilliam será um eterno cult. Seus trabalhos são como o imaginarium do filme: e nem todos estão preparados para adentrar a sua mente insana.
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