Não é de hoje que o diretor austríaco Michael Haneke não acredita na inocência juvenil. Não é de hoje também que o mal do ser humano lhe é um tema agradável. Mas em “A Fita Branca” Haneke leva essas questões a um nível perturbador.
O filme é ambientado numa aldeia alemã, em 1913. Pouco antes da I Guerra Mundial, uma aldeia alemã é abalada por atos violentos. Provoca-se a queda do cavalo do médico, que se fere gravemente, o filho do Barão é atacado, o mesmo acontece com o filho da parteira que tem problemas mentais. No meio disso, um grande grupo de crianças assustadas e reprimidas diante da autoridade dos adultos. Tudo é narrado em off pelo personagem de um professor, que relembra crimes e “acidentes” que abalaram a paz controlada pela hierarquia da aldeia.
Tudo é belissimamente registrado em longos planos com a câmera fixa, o que particularmente me agrada. A fotografia em preto e branco não é um mero capricho, mas uma forma de mostrar a frieza como tudo acontece. O competente elenco juvenil é mais do que fundamental para a historia. Parte da critica acredita que a maldade que se revela nos habitantes da aldeia entre os acontecimentos, seria a semente daquilo que viria a ser o nazismo. Eu acredito que é ir longe de mais. Prefiro acreditar que Michael Haneke gosta de mostrar na tela o mal do ser humano, e faz isso com uma competência assustadora. Lembremos de Cachê (2005), Código Desconhecido (2000) e Funny Games (1997).
Em “A Fita Branca”, porém, Haneke investiga sutilmente um clima de paranóia e desconfiança dentro de uma comunidade rígida e formal. Desta maneira, a essência do que há de pior no ser humano é captada sob a lente habilidosa de Haneke, e trazida a nós nesse filme forte, belo e perturbador.
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