A expectativa em torno de A Origem era imensa. O filme nem havia estreado e já era um dos assuntos mais comentados no mundo (leia-se internet). Ora, mas tal expectativa tem fundamento: A Origem é o novo filme de Christopher Nolan, diretor de Amnésia e de Batman – O Cavaleiro das Trevas.
Apesar da carreira relativamente curta, Nolan já é endeusado por alguns, é “o único a fazer cinema inteligente em Hollywood”, “gênio”, “vanguardista” e tudo mais aquilo que dizem quando um talento assim surge.
Mas vamos com calma. Nolan é bom, mas não como dizem. Ao seu A Origem se aplica a mesma idéia. É bom. Mas nem tanto.
A história nos mostra Cobb (Leonardo Di Caprio, sempre bem), um especialista em invasões de sonhos que, junto de sua equipe, invade a mente de suas vítimas e rouba ideias nelas contidas, normalmente segredos industriais.
Impedido de entrar nos EUA, Cobb, ainda afetado pela morte da mulher (Marion Cotillard), vê a chance de voltar para junto de seus filhos quando Saito (Ken Watanabe) propõe um trabalho diferente para ele: não roubar, mas gerar uma idéia.
Então ele e sua equipe, composta por Arthur (Joseph Gordon-Levitt), Eames (Tom Hardy), Yusuf (Dileep Rao), a novata Ariadne (Ellen Page) e o próprio Saito, que quer fiscalizar o trabalho de perto, todos com tarefas bem definidas, partem com tudo planejado para o trabalho, mas, é claro, em algum momento (que não tarda) tudo começa a dar errado.
A Origem não é inovador nem revolucionário. Na verdade, trabalha com fórmulas já conhecidas, inclusive de outros filmes de Nolan. A estrutura é a mesma dos filmes de assalto. O tema, conhecido de outros filmes (Matrix, Paprika, só para citar dois). Mas, se é assim, por que todo esse alarde em torno de A Origem?
A resposta é formada por três partes: (a) Nolan é um diretor que sabe usar as expectativas a seu favor (ao contrário de Shyamalan), (b) Resultado de um incrível trabalho de promoção – que apostava no mistério – e, o principal, (c) O filme tem lá suas qualidades – técnicas principalmente.
Esse é um daqueles filmes que se deve assistir em uma tela gigante, com um sistema de som anabolizado. O impacto visual é imenso (uma cidade é dobrada na nossa frente!). Os efeitos visuais e sonoros, as cenas de ação (sempre muito bem dirigidas por Nolan), tudo isso mais à robusta trilha sonora de Hans Zimmer dão ao filme um ar de grandioso.
Isso mais um roteiro bem elaborado (complicado mas não complexo) dão a falsa a impressão que A Origem é uma obra-prima. É um bom filme (bem dirigido, escrito e atuado), mas que não é tudo o que acham e dizem. Com o tempo, quando essa aura santa sobre Nolan se dispersar, vai perder um pouco o seu valor. Num processo que chamo de cult às avessas.
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