O filme Diários de Motocicleta presta uma homenagem ao povo latino-americano de uma forma bonita e nada forçada, fazendo-nos mergulhar no passado e no surgimento das idéias na cabeça do então estudante de medicina Ernesto Guevara de la Serna.
Sem pular etapas, em uma adaptação perfeita e harmoniosa do livro escrito também por Alberto Granado, amigo e parceiro de viagem de Che, Walter Salles realiza como nenhum outro diretor esse trabalho de imersão do telespectador nos costumes e pensamentos da época e, mais do que isso, na mente do personagem principal, fazendo-nos, por vezes, ter os mesmos dilemas morais e dúvidas que “Che”.
Quando o filme cai nas mãos de Salles, parece que tudo flui de forma natural, seja pela trilha sonora espetacular de Gustavo Santaolalla, que combina demais com a fotografia dos rios e lagos de nosso continente, seja pelo perfeccionismo posto em cada cena, em cada diálogo, parecendo, aos olhos de quem assiste, que o filme foi efetivamente filmado na década de 50, acompanhando os viajantes, e não em 2003!
Sem contar detalhes sobre cenas, mas já adiantando algumas curiosidades: Diários de Motocicleta tem apenas a intenção de narrar uma jornada sob os olhos de um jovem ainda confuso, baseada no diário escrito pelo mesmo Che, antes de virar o líder revolucionário que tanto ouvimos falar, com posicionamentos ideológicos claros, e nem por isso postos de maneira que prejudique o bom andamento do filme.
Uma obra de arte, com atuações precisas e que aborda o tema social sem cair na mesmice, nem nos estereótipos habituais. Méritos para Walter Salles, um dos melhores diretores da atualidade, e sua equipe.
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