Mulher Faz o Homem, A
Frank Capra mais uma vez traz uma história fantástica que tem como pano de fundo a denúncia contra a injustiça e em prol da preservação da lealdade política, da verdade e, acima de tudo, da honestidade.
Jefferson Smith, interpetado pelo brilhante James Stewart (de quem falarei depois), é um sujeito que veio de raízes humildes e sai de Jackson City, uma cidade pequena, para assumir o posto de um senador que acabara de morrer. Nessa cidade, ele é o chefe dos escoteiros e por isso tem apoio das crianças. Graças a esse auxílio, Hubert Hopper (Guy Kibbee) que já estava em dúvida na escolha de quem assumiria o lugar do senador, acaba sendo estimulado por seus filhos (em uma cena realmente sensacional) para decidir por Smith.
Smith é um indivíduo inocente e que acaba recebendo apoio de senadores corruptos, como Joseph Harrison Paine (o inesquecível Claude Rains, de "Casablanca"), por sua popularidade e por causa de uma antiga amizade que Paine havia tido com seu pai. No entanto, essa inexperiência faz com que ele passe por situações de constrangimento público e de vergonha perante os demais senadores, que chegam a desacreditar de seu potencial. Até que ele planeja o desenvolvimento de um projeto, no qual seria a criação de um acampamento para jovens, e recebe os préstimos de sua secretária Clarissa Saunders (Jean Arthur, que já havia trabalhado com Stewart em "Do Mundo Nada se Leva"). Ao apresentá-lo para o Senado, Paine já articula o afastamento de Smith, pois o acampamento atingiria as terras que seriam utilizadas na construção de uma represa para Jim Taylor (Edward Arnold), que prometia pagar altas propinas a Paine em troca do possível desvio e represamento das águas de Willet Creek.
Passado algum tempo, Taylor lança em mãos do Senado provas falsas e não contundentes sobre Smith. No entanto, ao contrário do que todos pensavam, o jovem senador decide lutar contra toda essa imoralidade, por mais que em um momento queira desistir, o que não vai ao fim graças a Sra. Saunders - é aí que "A Mulher Faz o Homem".
Com Saunders ao seu lado, o guiando para tomar as atitudes corretas, em sua última oportunidade ainda com o direito de se pronunciar no Senado ele decide ir até o fim pela justiça. Passa incansáveis horas debatendo, lendo a Consituição Americana e defendendo a sua causa. Ainda que a imprensa fosse controlada pelos poderosos, Saunders chega a propor uma estratégia para que o povo de Jackson City saiba a verdade, o que no fim acaba sendo frustrado. Diante disso, após quase um dia falando em sessão no Senado, Paine apela para a chantagem emocional e o coloca perante cartas supostamente vindas de sua cidade natal e que demonstravam descontentamento da população - aquilo era uma farsa. Jeff Smith, cansado, não aguenta mais e acaba desmaiando. A partir disso, Paine, com a consciência pesada por fim acaba admitindo seus erros.
Realmente é preciso contar a história para analisá-la melhor. "A Mulher Faz um Homem" retrata algo que está presente na vida política de diversos páises e que pareça nunca se findar - a corrupção. Jefferson Smith é um exemplo de um político que parece que nunca existiu e que se existiu, não deixaram que pudesse fazer justiça. É ainda mais revoltante admitir que, na nação brasileira, talvez nunca tivemos a oportunidade de ver alguém como ele. Pelo contrário, a política sempre esteve infestada de Paines por todos os cantos. É isso que é mais precioso nessa obra-prima de Capra, fazer com que sonhamos e esperamos eternamente por um Jefferson Smith e, por esse motivo, torçamos pelo seu triunfo.
A escolha do ator foi perfeita. James Stewart, um dos maiores atores de todos os tempos, realmente dá uma performance que poucas vezes pôde ser vista no cinema. Observamos, ainda jovem, sua competência, tão revelada mais tarde com longas como "Núpcias de Escândalo" (no qual ganhou o Oscar de Melhor Ator), "A Felicidade Não se Compra", "Janela Indiscreta", "Um Corpo que Cai" e "Anatomia de um Crime". Indicado ao Oscar por esse papel, não levou a estatueta aquela vez por possuir concorrentes de peso naquela noite: Clark Gable por Rhett Butler, de "E o Vento Levou"; Laurence Olivier por "O Morro dos Ventos Uivantes"; Robert Donat por "Adeus, Mr. Chips" - este último levou o prêmio, estranho que parecia ser o menos cotado para o prêmio.
Frank Capra se consolida outra vez como um dos maiores cineastas de todos os tempos, por sempre nos trazer filmes que tentem incentivar os valores morais que parecem perdidos na sociedade.
Uma última declaração: " Queremos Jefferson Smith para presidente!!"
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