O filme começa. AH! Música erudita e Lecter na platéia. Um flautista desafinado. Um olhar de desaprovação de Lecter. O cenário muda. Estamos na casa de Lecter e ele, mesmo esbanjando classe, elegância, cultura, está servindo o corpo do flautista aos desavisados convidados. Will Graham chega. Os dois conversam como velhos amigos. Will conta que o assassino que ambos estão caçando é um canibal. Logo em seguida, descobre ser Lecter o próprio assassino. Os dois brigam e tombam, feridos quase mortalmente, um pelo outro. Lecter, caído, baleado, de olhar vidrado, encara a câmera. Entram os créditos.
Pronto. Estamos conquistados.
Com essa rápida seqüência de abertura, o filme já valeu a pena. O filme JÁ É bom. Nós nos convencemos disso ALI, com aquele começo.
Depois dele, quando a história realmente começa, essa impressão se mostra verdadeira.
O filme é uma seqüência (que se passa ANTES) que está, decididamente, à altura dos outros dois filmes da série.
Como trata-se do mesmo roteirista de O Silencio dos Inocentes, o filme é tão fiel ao seu livro de origem quanto O Silencio dos Inocentes foi.
Novamente, apenas partes completamente desnecessárias foram cortadas e resumidas e os fatos mudados foram mudados para melhor (como exemplo, a própria captura de Lecter, muita mais interessante e impressionante no filme).
Com a série já tendo outros dois filmes, neste já sabiam o que agradava e o que não agrava aos fãs.
Por isso, Anthony Heald e Frankie Faison voltam aos seus mesmos personagens de O Silencio dos Inocentes, em divertidas “pontas” e a violência exagerada que vimos em HANNIBAL é completamente esquecida aqui.
O suspense e a tensão (ajudada pela sempre deliciosa trilha sonora de Danny Elfman) neste filme são maiores que nos outros dois. O que torna, assim, Dragão Vermelho o filme mais assustador e sombrio da série.
Os três personagens de maior destaque estão impecáveis.
É bem verdade que o Will Graham de Edward Norton é um tanto inexpressivo e apagado. A profundidade do personagem, que beira à loucura no livro de Thomas Harris, foi deixada de lado. Nem por isso ele foi mal explorado. Ele é o único personagem tão inteligente quanto Hannibal Lecter e isso é deixado claro no filme.
Depois temos o Francis Dolarhyde de Ralph Fiennes. A atuação está na medida certa. Ele é um personagem tão PESADO, tão PODEROSO em cena, que consegue realmente dar MEDO.
E por fim, temos o próprio Lecter. Novamente interpretado por Anthony Hopkins, o maior vilão do cinema continua como sempre: sem um único defeito. A atuação de Hopkins como Hannibal atinge o nível máximo aqui e certamente merecia outro Oscar. De Ator Coadjuvante, dessa vez.
Sim, porque Hannibal está cuidadosamente disfarçado de “coadjuvante de luxo” neste filme. Aparecendo e tendo muito menos destaque do que nos dois outros filmes.
Não que ele não tenha importância. Pelo contrário, é fundamental para o desenrolar e desfecho da história. Ele está para DRAGÃO VERMELHO o que Palpatine está para STAR WARS.
Enquanto ajuda Will a caçar o Dragão, ele também atiça o Dragão contra Will, passando-lhe importantes informações sobre o agente.
A relação Will/Lecter é muito complexa; uma mistura de ódio, admiração e amizade. É mais interessante que a de Lecter com Clarice Starling.
A atuação dos coadjuvantes Harvey Keitel, Emily Watson, Mary-Louise Parker, Philip Seymour Hoffman também não decepciona em nada.
Como nos outros dois filmes da série, Dragão Vermelho não tem um final que possa ser definido como “feliz” ou “triste”.
Passado o filme todo, temos uma agradável surpresa, nos últimos momentos... um final GANCHO que acaba exatamente onde O Silencio dos Inocentes começa, unindo a série, de forma muito criativa.
Uma ótima idéia, que poderia ter fechado a trilogia com chave de ouro...
...Infelizmente, não foi este filme que fechou a série...
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