Filmes de terror que se agarram a um mesmo tema, explorando-o até a última oportunidade, são vistos constantemente no cinema. Até a proposta é a mesma. Ou é remake do sucesso tal, ou supostamente baseado em fatos reais...
Com "Wolf Creek - Viagem ao Inferno" não é diferente. À princípio a estória é semelhante a de muitos filmes do gênero, o que poderia ter feito o mesmo passar desapercebido, pois, a polêmica gerada em torno de massacres em países específicos já foi levantada em alguns filmes, como em "O albergue" e "Turistas". Entretanto, mesmo sendo produzido às escuras e sem muito marketing, esta projeção conseguiu criar alvoroço entre críticos e público, em que as divergentes opiniões eram inevitáveis.
Eu não posso deixar de fazer tal comentário: "Wolf Creek" é com certeza mais inteligente do que os filmes convencionais do gênero. Com cara de documentário, mas com uma qualidade superior, o filme australiano é assustador. E mesmo possuindo alguns clichês, os mais reles e habituais são evitados aqui, até surpreendendo em algumas tomadas.
Pra mim, a maior façanha do diretor junto ao roteiro, foi prolongar a exposição dos personagens com seus diálogos dispersos no início do filme, fazendo com que o público crie uma certa empatia para com eles. E melhor, sem deixar escapar qualquer hipótese de quem (e como) morrerá.
O filme mesmo não sendo original, muito menos inovador, conseguiu ser notável, mesmo sob o efeito de um enredo requentado. Isso se deve a forma competente e convincente das interpretações.
A sinopse apresenta Liz Hunter (Cassandra Magrath, ) e Kristy Earl (Kestie Morassi) e Ben Mitchell (Nathan Phillips), três jovens que viajam para a Austrália. Ao chegarem no Parque Nacional Wolf Creek, eles conferem a segunda maior cratera do mundo. Ao entardecer eles decidem retomar a viagem, mas o motor do carro teima em não funcionar. Os três agora apreensivos só se acalmam quando obtêm a ajuda inesperada de um motorista de caminhão que estava ali por perto.
Sem um personagem central, mas com um foco sobre as duas moças, o motorista caipira revela-se um sádico de marca maior, responsável por horas de pânico e tensão, muito bem representados pelos atores. O clima angustiante da estória causa uma certa aversão ao público. O filme mesmo não sendo o mais explícito no quesito "tortura", consegue intimidar.
Por ser filmado em vários cenários desérticos, todo o isolamento dos jovens é retratado com naturalidade, o que perturba ainda mais.
As interpretações supracitadas, sem dúvida, foram responsáveis pelo impacto que o filme causou. Foram as mais verossímeis possíveis, o que pra mim foi um feito, já que a canastrice impera em filmes de terror adolescente.
Concluindo,"Wolf Creek" foi um dos poucos filmes que me incomodou como espectador. A sensação de ver o desamparo dos personagens, cruelmente tormentados fisica e psicologicamente por alguém improvável, foi a mais desagradável (num bom sentido para a espécie do filme). Com isso, o filme atinge seu objetivo, pois não é qualquer pessoa que conseguirá ficar indiferente diante desse longa.
Eu esperava mais um passatempo dispensável ao julgar pelo tema, mas me deparei com algo bem produzido. As paisagens obscuras, a manipulação e belos ângulos capturados pela câmera; a ótima fotografia; cenas cruas quase sem corte... Tudo isso trouxe um realismo como nunca vi num terror.
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