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Críticas

Cineplayers

Viagem desconfortável ao cinema de ação.

3,5
A carreira de Michael Cuesta segue em queda vertiginosa. Dos belos dramas coming of age independentes (L.I.E, de 2001, e 12 Anos e Pouca Ilusão, de 2006) que destacaram o diretor à inserção ao cinema de maior investimento, Cuesta engendrou gêneros à sua filmografia como o thriller Instinto de Vingança (2009), o fraquíssimo drama Roadie (2011) e mais recentemente o retorno ao thrillers com o igualmente fraco O Mensageiro (2014).

E tudo parecia mudar, pois O Assassino: O Primeiro Alvo tem uma boa premissa: seus primeiros minutos formalizam um diálogo direto com o vídeo, suas possibilidades e a linguagem que este disponibiliza, remetendo à vulgaridade do mais recente filme de Jaume Collett-Serra, Águas Rasas. A promessa fica nos quadros que justificam o filme. Quando torna uma narrativa de vingança envolvendo espiões americanos e terroristas muçulmanos, não demora para que o filme se resuma na transferência do tema para um formalismo dos filmes de ação oitentistas, sem o brilho e ousadia que muitos deles à época exibiam. 

A direção de Cuesta, sem inspiração, se resume ao protocolo de suporte à direção de fotografia de Enrique Chediak, que transforma o livro de Vince Flynn em um básico jogo de planos e contra-planos com poucos momentos de criatividade e algum impacto imagético. E o mesmo pode ser dito sobre o roteiro, já que O Assassino: O Primeiro Alvo é genuinamente um filme de anti-heróis. Este quebra-cabeça composto por índoles questionáveis e banhos de sangue é o suporte para todo o filme. 

É curioso que os primeiros minutos de filme se encaixem numa linguagem moderna do cinema do gênero e que o filme vá para o passado e reserve seus últimos minutos para um subgênero que está em baixa se comparado com os anos 90 e aos anos 00: o filme-catástrofe. Um filme que domina uma narrativa estritamente urbana mais interessada na investigação do que acontece no asfalto que para em alto mar e que ao longo de 111 minutos não se interessa em justificar estas drásticas mudanças de tom causará no mínimo estranheza.

Acreditar no fluxo narrativo neste caso é uma decisão arriscada demais e é o que faz de O Assassino: O Primeiro Alvo um filme extremamente fragilizado. Da mise en scène ao formalismo, a impressão é que Cuesta entrou no piloto automático e que este é só mais um longa a toque de caixa após sua inserção no mercado cinematográfico americano. 

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