7,0
Não é de se estranhar a receosa expectativa que todos estavam com relação a esse Mulher Maravilha (Wonder Woman, 2017), afinal, tanto Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016) quanto Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016) foram filmes muito aquém do que poderiam ter sido e colocaram em cheque a possibilidade desse mundo expandido da DC funcionar. Diferente da Marvel, sua principal concorrente, que aposta em uma ação mais crua e menos dramática, com humor pontuando o ritmo dos filmes, e, portanto, tornando mais fácil sua identificação com o público, os filmes da DC são mais pesados, densos, algo que ainda está presente em Mulher Maravilha, mas acompanhado de uma novidade que faltava nas outras obras e que aqui faz tudo funcionar: equilíbrio.
Voltamos no tempo para conhecer a história de Diana, uma amazona diferenciada protegida pela mãe Rainha para não entrar em batalhas, porém seu instinto a leva àquilo a qual existe: proteger a humanidade. Em época de Guerra, um aviador cai na belíssima e isolada ilha onde as guerreiras vivem e isso basta para dar início a sua jornada, o que a leva a Londres e à luta contra uma Alemanha teoricamente influenciada pelo Deus da Guerra na mitologia grega Ares.
É tudo muito bem balanceado: primeiro, conhecemos como tudo começou, depois partimos para o conflito entre sua inocência com a realidade do mundo - aproveitando esse choque para inserir pontuais momentos de humor e criticar o que as mulheres passaram de modo delicado e elegante -, para depois irmos ao campo de batalha e chegarmos até à conclusão do filme. É um ritmo tão perfeito, e ao mesmo tempo tão surpreendente, que nem notamos as mais de duas horas e vinte de duração. Isso também por ser um filme de origem, onde há muita coisa a ser apresentada, desde novos personagens a motivações e vilões, o que pode ser tanto um mérito quanto uma armadilha para um filme inaugural, mas que Mulher Maravilha tira de letra. Nem o querido Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), com aquele Duas Caras inserido do nada, é tão redondinho assim.
Até mesmo as sequências de luta, que geralmente se estendem por longos e tediosos minutos de efeitos especiais, aqui acontecem no tempo certo e, por serem muito bem coreografadas, empolgam até quem não é muito acostumado a curtir esse tipo de cena, com esses efeitos servindo como ferramenta ao invés de serem a atração principal. Essa, sem sombra de dúvidas, é a estrela protagonista Gal Gadot. Visualmente, ela é de uma pureza inacreditável, mulher poderosa, de boa postura e presença de tela, engolindo até rostos conhecidos como Chris Pine. Sua composição mais inocente, mas ao mesmo tempo agressiva, convence e se torna um dos principais motivos de toda aquela história funcionar. Além, é claro, de ser visualmente deslumbrante e combinar 100% com a personagem.
Claro que toda sua importância histórica como mulher é aproveitada pelo timing do longa: ela nunca foi tão maravilhosa e é a primeira vez que uma diretora comanda um filme sobre heróis, a competente Patty Jenkins. Em certo momento, Diana invade uma reunião de líderes - apenas homens - e é a mais sensata entre todos eles; ao notar a incredulidade com que é tratada, dá para ver o quanto mudou dos anos 20 para cá, onde ela ocupa importante posição no museu mais tradicional do mundo. É bonito ver uma personagem feminina salvando a pele de tantos homens em combate também, fazendo o que, para eles, é impossível. E não a toa a ilha povoada apenas pelas amazonas é muito mais colorida e convidativa do que a Londres cinzenta e cheia de dor onde os homens governam. É uma pena enorme que a vilã, a gênia dos gases Maru, não tenha a mesma profundidade de desenvolvimento do que a heroína, pois sempre defendo que grandes vilões tornam os heróis maiores, vide Coringa, mas aqui ela é tratada mais como vítima coadjuvante do Deus Ares. Uma pena, pois poderia ser um embate muito mais interessante.
Entre explosões, diálogos e atitudes previsíveis, desnecessários slow motions, reviravoltas manjadas e aquilo que já vimos em outros filmes de heróis menos corretos, temos um filme redondo legal pra caramba e de boa intenção. É importante por sua representatividade perante à luta feminina, mas também tem um coração enorme ao trazer uma mensagem simples, bonita, direta, universal. E, porque não, ingênua, como as grandes aventuras eram antigamente e hoje foram deixadas de lado por jornadas cada vez mais cínicas e pessimistas. Não é perfeito, mas faz bonito no gênero e deixa uma impressão muito melhor para a Liga da Justiça que está se formando aos poucos.
Muitas críticas positivas e a audiência também depondo a favor do filme. Mas, para mim, foi uma grande decepção.
Um show de horrores que só não é pior por conta da entrega da Gadot e do esforço do Chris Pine, você vê que são sérios. Fato é que foram sacaneados por uma produção de texto horrível, risível, um roteiro porco e direção inexistente.
Não há um segundo de lucidez nessa película, colocam a heroína para circular como uma imbecil na Londres do início do século XX, montar equipe com personagens desimportantes, servir de coadjuvante para o personagem do Chris Pine.
Em alguns momentos me lembrou a Dori do procurando Nemo, "onde estou?", "o que estou fazendo aqui?", "acabar com a guerra", "só o amor salva". Muito ruim.
Sentimentos rasos, câmera lenta de dar sono, imagem acelerada que faz rir, flechas contra rifles, vilões que soam como pink e cérebro.
Laço da verdade: nem o sorriso magnifíco da Gadot salva esse filme.
Nota 5. Sendo gente boa.
Laço da verdade, Leo: Seu coração é um pêssego murcho de 3 semanas e você não se entregou ao filme com esse pêssego aberto. Mas alegre-se, você é exceção. 😉
Caro Douglas, por isso escrevo dizendo que "para MIM, foi uma grande decepção", tem gente que prefere seguir com a manada e fechar os olhos a todas as incongruências da obra; no meu caso, tentei refletir sobre o que vi.
Mas vamos lá, escreva algumas linhas dizendo o que o filme tem de bom, contribuiria muito mais do que falar sobre meu "coração".
🙂