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Críticas

Cineplayers

A surpresa do teste positivo.

7,0
A lenda de que bebês eram entregues através de cegonhas é antiga, mas foi com o dinamarquês Hans Christian Andersen que ela se tornou popular, no século XIX. Em Cegonhas - A História que Não te Contaram (Storks, 2016) essa premissa é usada, porém aposentada: os animais deixaram de fazer o serviço há muito e hoje vivem de entregas ultra eficientes em uma mega corporação à lá Amazon.com da vida. É apenas uma das inúmeras metáforas que o filme carrega.

Para os pequenos, essa é uma aventura familiar para entregar escondido um bebê criado por acidente, através de uma máquina abandonada que transforma cartas das pessoas em seres humanozinhos ultra fofos que arrancam suspiros de qualquer um que olhem para eles. Para os adultos, temas como paternidade, excesso de trabalho e a necessidade de ser chefe, home office como novo mercado, responsabilidade e o fator ação / reação de uma relação sentimental são tratados em detalhes sutis que os mais jovens possivelmente não irão captar toda sua profundidade. 

A linguagem é cool e moderna, de fácil assimilação, assim como a grande maioria dos filmes lançados no mercado toda semana; a parte técnica é esplêndida, mas com o avanço da tecnologia isso deixou de ser uma vantagem para se tornar uma obrigação em grandes lançamentos.

O principal diferencial de Cegonhas é que ele faz bem tudo aquilo que se propõe: o tema é relevante e bem discutido, as sequências de ação são bem realizadas e variadas, a comédia tem um tom agitado demais - é uma geração muito mais afobada -, mas funciona e tem seus momentos muito, muito engraçados, totalmente inspirados e que me fizeram gargalhar duas ou três vezes durante a projeção. Esse é seu primeiro grande trunfo.

Para quem está vivendo a paternidade e a maternidade, Cegonhas consegue ir um pouco mais a fundo e nos fazer olhar para aquele serzinho que fica com a gente o tempo todo, ainda sem noção do mundo, apenas se divertindo de maneira inocente como nenhuma pessoa deveria deixar de ser um dia. Sem dúvida fica um gostinho a mais para quem já é pai ou mãe.

A boa verdade é que Cegonhas se relevou uma bela surpresa: quando esperávamos um filme de mediano para ruim depois dos péssimos trailers, eis que ele se apresenta um trabalho com conteúdo, relevante, bem desenvolvido e divertido. Os personagens funcionam (adorei os lobos, vilões originais na abordagem e na motivação!) e as situações dificilmente apelam para a solução fácil, apenas usando o estilo cartunesco exagerado a seu favor.

Não é uma obra-prima; é clichê em diversos momentos, mas não é difícil aconselhá-lo porque mesmo com tudo isso ele se destaca em um ano fraco de concorrência até então, onde a maioria ou foi ruim ou muito abaixo da expectativa - e podemos incluir a Pixar nessa equação. Cegonhas é um filme muito bom, independente do cenário que o cerca.

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