A Premiere Brasil volta a decepcionar com dramalhão familiar e "cinematográfico".
É incrível como a seleção da Premiere Brasil desse ano foi equivocada, atrasada e 'pequena', no sentido mais tacanho da palavra. Filmes de gosto duvidoso (Obra), outros de qualidade inexistente (O Fim e os Meios) e somente um potencial premiável até agora (Ausência), nada muda com essa produção dirigida por Iberê Carvalho. Como a maioria dos competidores por aqui, o filme atira para muitos lados na intenção de que alguém goste de uma das ideias apresentadas; até acredito que o público menos exigente possa se interessar e/ou emocionar com essa história (a intenção é essa mesmo), mas ao menos comigo não funcionou, parecendo tudo muito fácil, rápido e resumido.
Até do título já dá pra imaginar o que vem por aí, mais uma homenagem saudosista a arte de exibir cinema, de encantar com o cinema, quase ser cinema. Quantos filmes já vimos sobre isso mesmo hein? Trocentos, de A Noite Americana a A Invenção de Hugo Cabret, mas o filme se insere na vertente como a de Cinema Paradiso, celebrando os homens por trás da telona literalmente. Mas ao contrário dos filmes citados, o longa de Carvalho chafurda com prazer no melodrama e tenta emocionar com doença terminal, filhos que precisam fazer as pazes com os pais e com o renascimento de um gigante adormecido na forma de drive-in.
O jovem Marlonbrando precisa levar a mãe para fazer exames na capital, saindo da cidade do interior na qual ambos viviam há anos. Essa volta às raízes vai trazer a tona a figura de Almeida, pai do jovem e ex-marido dessa mulher, que já não se relaciona com ninguém. Esse encontro também é responsável por trazer de volta à imagem do drive-in familiar, que resiste aos trancos e barrancos até hoje, mesmo com as constantes ameaças de venda e fechamento.
Carvalho é estreante em longas e tem apenas dois curtas anteriores a esse. Como não vi seus curtas, a impressão que tenho olhando somente essa produção é de que talvez não houvesse ainda a experiência necessária para tanto. O filme parece ter realmente uma trama acanhada demais para um longa, que no entanto tem talento sim, numa fotografia, na dupla central de pai e filho, encarnados pelo veterano Othon Bastos e o novato Breno Nina, nas cenas de embate entre eles. Mas não dá pra ficar indiferente a pavorosa trilha sonora apresentada, ou a esse dramalhão exagerado que inflam o filme e não trazem nada de benéfico dramaticamente. Esperemos que Iberê acerte da próxima vez, e o Festival do Rio melhore consideravelmente sua listagem para 2015, que esse ano está sendo de lascar.
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