Há em Ela (Her, 2013), novo trabalho de Spike Jonze, certa ponderação em relação à liberdade, mas incrustado em sua narrativa está estabelecido um jogo de imposição de limites e fronteiras. E ele começa na escolha em habitar em um futuro não tão distante, onde o escopo é mais fechado para questões sobre o que é, afinal, evolução. O espaço maior está para o lamento pertinente sobre a posição da máquina em tempos vindouros.
Não à toa, a câmera funciona como moldura de uma imensidão, mas uma imensidão tão direcionada a respeito destas possibilidades e sempre de forma inconsolável. Jonze exibe o mar de concreto cosmopolita e deságua na praia, literalmente, com seu protagonista deitado nas areias e de roupa sob um sol escaldante. Confia na exuberância dos apartamentos nova-iorquinos onde muitos moram sós. E desta solidão sai, enfim, a maior das questões.
Theodore (Joaquin Phoenix) vive a vida dos outros. Escreve cartas para os outros como trabalho e imagina a vida dos outros para tal. Samantha (Scarlett Johansson), um sistema operacional que traça uma rotina de secretária/amiga/mulher de Theodore é o espelho da trama. Afinal, a solidão está liquidada a partir de então. O que deseja este homem? É necessário, então, imaginar um lado oculto em Ela, que é a de uma relação comum, onde há renuncia, brigas e companheirismo. A rotina de Theodore é a mesma, com ou sem Samantha. Embutida esta a única mudança, que é a forma de encarar o desafio de continuar.
Ela se torna um conto interessante por justamente não eliminar eixos comuns de dramas envolvendo relacionamentos. Vai do ápice tão inesperado como qualquer história de amor, aposta na ponte construída no estranhamento que a relação homem-máquina causa – justamente quando o filme perde forças - e desenha seu desfecho com elementos tradicionais ainda que sirva de parabólica para questões envolvendo a mutação de um pensamento em relação ao homem, que outrora foi substituído por máquinas para o trabalho e fora criticada por Chaplin em Tempos Modernos (Modern Times, 1936) e que era definida como a vilã de um tempo por Kubrick em 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968).
Ela faz um paralelo ajustado entre estes pensamentos, com novos suportes como fuga de um possível desgaste. Neste caso, o cinema de Jonze que de formas diversas flertou com o fantástico, investiga a percepção de uma possível realidade e com diagnóstico pronto, pois entre todos os chamarizes de sua história, a ideia de colocar Theodore em locais sempre povoados e que nunca o tiraram da solidão é a mais simples e eficaz.
8,0
O filme é todo metafórico; é sensível, melancólico, simples, tocante. Joaquin Phoenix (um dos melhores atores da atualidade para mim) está mais uma vez formidável e Scarlett, mesmo sem um \"corpo\", faz-se viva, presente.
A mim o filme pareceu uma analogia a nossas relações virtuais, à distância. Lembrei demais do livro \"Amor líquido\", de Zygmunt Bauman. Fantástico. Só não dei 10 por conta da já comentada queda de ritmo.. O filme poderia ter uns minutinhos a menos...
Ô filme chato! Quase dormi o filme inteiro. Assistir um cara que deixa aquela gata da Olivia dando mole para se relacionar com um programa de computador é tedioso. Assistir por curiosidade, mas que historinha pra boi dormir hein?!?! Que cara mais nerd, meu Deus!!!!
A solidão do protagonista pulsa por toda a trama.
Uma verdadeira aula sobre as relações humanas. A máquina é um novo componente, mas os velhos desejos, brigas, necessidades emocionais, solidão de uma relação normal são todos muito bem encaixados e, se você, precisa de algo para conseguir enxergar melhor seus relacionamentos reais, esse é o filme.