Juliane Kreisler, vivida pela ótima Nina Hoss, também protagonista de Bárbara, parece plenamente feliz ao lado de seu namorado, August. Os dois passam férias na Finlândia e vivem momentos típicos de casais apaixonados. Enquanto eles dominam a tela nos minutos iniciais, a fotografia, sempre auxiliar à narrativa, reforça as cores do verão, mas sem aquela vibração intensa. É o prenúncio de que a chama, por algum motivo, irá se apagar.
Uma Janela para o Verão (Fenster zum Sommer, 2011) não irá caminhar para a questão do amor e suas consequências, mas sim para a reflexão sobre tempo, destino e ação/reação. Tem sua pitada de teoria do caos, mas se afasta por completo daquele entendimento de Corra Lola, Corra. Aqui, toda ação, obviamente, gerará por consequência uma reação e cada ato gerará sua própria resposta. Contudo, a tese aqui é mais fatalista. O destino está traçado e é imutável. As atitudes apenas alteram a forma pela qual as experiências serão vividas.
A protagonista sofre então com um efeito que, descobrimos com o decorrer da história, já a afetou quando criança. À noite, estava com August, mas ao pegar no sono, acordou seis meses antes, ainda no inverno – a fotografia fica mais acinzentada e triste -, mas com toda a memória do “futuro”. No ponto de retorno, ainda não havia conhecido seu novo amor e vivia sob o peso de um casamento já afundado. Além disso, sua amiga, falecida na primavera, ainda está viva.
A primeira questão de Uma Janela para o Verão parece ser moral. Pode-se, conscientemente, mudar o caminho da vida alheia? Da primeira vez em que se vive determinado momento, os acontecimentos são naturais, mas no flashback, cabe à Juliane encarar tudo como um repeteco, com respeito ao que estava programado, ou tentar alterar os fatos. A princípio, ela acredita ter de respeitar o passado, mas questionada, experimenta influir no curso das coisas.
Assim, a segunda questão é proposta: o destino. A visão do diretor e roteirista Hendrik Handloegten é fatalista. O que está programado para acontecer irá acontecer independente das ações humanas, sejam elas inconscientes do futuro, como se espera, ou conscientes, como proposto. Assim, tudo caminhará como pré-estabelecido, mas o momento em que ocorrem os fatos pode ser outro.
De volta à experiência de Juliane, não ficam claro os motivos que a levam a “viajar no tempo”, mas essa estrada parece longa e sem fim. O único elemento consolidado é que o regresso se dá do verão para o inverno. O que ela tem a ganhar e a perder com essa segunda chance? Como exatamente foram os fatos quando vividos pela primeira vez? Ao público são dados apenas recortes.
Uma Janela para o Verão parece muito mais preocupado em debater questões como o destino e a impotência do homem diante de sua própria vida que, por esta visão, é válida pelas experiências e não pelos resultados. Reflexões e dúvidas são embrulhadas em um contexto de romance – do falido ao pulsante - ao som de uma bela trilha sonora. Não chega a ser relevante para o debate, que inclui as relações e a finitude como eixos, mas intriga.
7,0
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