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Críticas

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Indignação e busca por justiça impulsionam Gesto Obsceno.

6,5

Michael Klienhouse está depressivo há meses. Não consegue ser o pai e esposo que gostaria,  nem encontra forças para escrever o livro que planejava. Seu apático estado de espírito, porém, altera-se depois de um acidente de trânsito incomum. Enquanto sua esposa, Tamar, temporariamente paralisa o trânsito, um carro buzina diversas vezes por passagem. Tamar faz então o tal gesto obsceno ao motorista apressado, que num arranque leva a porta aberta do carro de Michael.

Um instante de violência injustificável. Certamente uma experiência traumática, mas que se transforma no estopim necessário para mudanças positivas na vida do protagonista. Essas são as linhas gerais de Gesto Obsceno.

O diretor israelense Tzahi Grad tem um objetivo claro, "Gesto Obsceno não é só um filme, é também um protesto”. Após o acidente, Michael vai várias vezes pedir auxílio à polícia israelense, que sugere esquecer o ocorrido. “O sistema é falho, a polícia está de mãos atadas", dizem a ele. Michael terá então que buscar sozinho alguma compensação para seu dano material e psicológico.

“Não é fácil ser deixado sozinho", -  continua o diretor - "desamparado, fragilizado. A frustração é grande, você quer explodir, gritar, mas, uma vez que se percebe que isso é inútil, você engole sua profunda indignação e desiste. Mas Michael não desiste. Ele não quer e não consegue”. Um pouco como Travis de Taxi Driver, uma das influências cinematográficas do diretor, Michael terá que fazer “justiça com as próprias mãos”.

O projeto do filme nasceu no início de 2003, quando Gal Zaid e Ya'acov Ayaly, roteiristas e atores do filme, abordaram o diretor Tzahi Grad  com o roteiro que naquela altura ainda se chamava “Michael Klienhouse”, inspirado vagamente no romance “Michael Kohlhaas”, de Heinrich von Kleist. Mesmo durante as dificuldades em levantar dinheiro para o projeto, o diretor e equipe estavam decididos a ir até o fim. Mesmo que isso significasse produzir o longa com um orçamento reduzido.

Gesto Obsceno foi filmado em HDV, um suporte bem mais em conta que a película, e que dá uma liberdade no movimento de câmera que favorece as excelentes interpretações do atores, principalmente Gal Zaid como Michael.

O filme passa-se durante uma semana, e intercala a narrativa com datas do calendário israelense, como o memorial do soldado e o da independência. O Estado de Israel hoje convive com atentados suicidas e fronteiras instáveis. Um dia-dia violento  que coopera para o despertar do medo e da paranoia, sentimentos que Michael sentirá na pele ao longo da história. Por isso, Gesto Obsceno sugere algo além de uma simples indignação pessoal, reflete na verdade o cansaço de todo um país.

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