Um romance de longas 3 horas de duração, mas que não consegue alcançar seus objetivos.
O que você faria se, de repente, começasse a escutar uma voz do além e, certo dia, essa voz se apresentasse como a morte em pessoa em sua biblioteca particular? E pior, se ela falasse que tem um acordo para fazer com você? É exatamente essa a proposta de Encontro Marcado, uma refilmagem do clássico Uma Sombra que Passa, de 1934, com Brad Pitt (de Seven, Clube da Luta) e Anthony Hopkins (Hannibal, Lembranças de um Verão). Posso dizer que, sinceramente, o filme tem até uma mensagem bonita, mas uns defeitos bem básicos que não o deixam ser um ótimo filme, apenas um passa tempo (e que tempo), principalmente para os fãs dos atores, já que aqui estão em boa forma.
William Parrish (Anthony Hopkins) é um empresário de sucesso, dono de sua própria companhia, prestes a fazer 65 anos de idade. Possui duas filhas, uma que organiza sua festa, mais velha e casada, e a mais nova, médica, chamada Susan (Claire Forlani), que é noiva do braço direito de William, o nojento Drew (Jake Weber). Toda a rotina de William muda quando, em um dia, um rapaz chega em sua casa dizendo ser a morte. William, após ter a prova do que o rapaz fala, aceita um trato: levar Joe Black (como a morte se apresenta, Brad Pitt) para conhecer o mundo em troca de alguns dias a mais de vida.
A partir daí, diversas situações são criadas. Susan havia conhecido Joe pela manhã em um café, Drew fica enciumado e começa a questionar diversos pontos de seu relacionamento com William e Susan por ciúmes de Joe, que começa a descobrir os prazeres da vida, enfim, tudo o que já era esperado. Nada de realmente impressionante acontece no filme, e aí está o seu primeiro ponto fraco. Talvez a única cena que realmente surpreenda é o fato de como (e quem) a morte escolhe e executa a posse do seu novo corpo. E mais nada, o resto é tudo previsível, clichê, só com um clima interessante em algumas vezes.
Outro ponto contra o filme é sua duração e ritmo, combinados. É extremamente lento em algumas partes, o que é agravado pelas três horas de duração que possui, sendo que o original possuía apenas 78 minutos! Quem dirige a trama é Martin Brest, de clássicos como Um Tira da Pesada e Perfume de Mulher, e também o mesmo da recente bomba atômica Contato de Risco, com o casal romântico Jennifer Lopez e Ben Affleck, atual número 1 dos piores filmes segundo o grande site de cinema do mundo imdb. Aqui ele fica no meio termo entre os filmes citados. Algumas situações são mal exploradas e há personagens mal trabalhados. Ou seja, não convence, sendo esse seu maior defeito. Era preciso convencer para que uma trama tão forçada conseguisse ser aceita, mas infelizmente não dá, você, em nenhum momento, consegue ver a morte no personagem de Joe. E a culpa não é de Brad Pitt, acreditem, pois o achei muito bem em seu papel, mas as situações criadas são bem estranhas e os sentimentos mal trabalhados.
Apesar disso, o filme tem suas qualidades (o que justifica a nota). As atuações estão excelentes, com Pitt fazendo o que pode em um papel ruim, mas conseguindo um carisma que faz que torçamos para que o relacionamento entre ele e Susan (nenhuma novidade até aqui) dê certo. Claire Forlani, aliás, é uma bela surpresa no elenco, atuando muito bem e tendo o seu charme como principal característica (é apenas bonitinha, mas talentosa e esse seu charme conquista qualquer um, encaixando-se perfeitamente ao papel). Anthony Hopkins é um dos meus atores preferidos e comanda William em sua re-avaliação sobre a sua vida e atitudes a tomar. Só que, mais uma vez, o roteiro falha ao retratar poucas vezes o drama de uma pessoa que sabe que irá morrer e que tem a morte morando sobre debaixo do seu teto. E olha que são três horas de filme... Pelo menos a mensagem é sincera e tocará os menos exigentes de forma profunda. A fotografia e trilha sonora também são maravilhosos, o que justifica um pouco do dinheiro investido no filme (absurdos 90 milhões de dólares para um filme que mal efeitos especiais tem).
Apesar de ter recebido uma indicação ao Framboesa de Ouro como pior continuação ou remake, considero um exagero. Apesar de não ser nenhum clássico, Encontro Marcado tem lá o seu charme, apesar dos defeitos citados. Para os fãs dos atores, uma dádiva, pois são 3 horas com eles na tela, e bem. Para quem gosta de romance que emociona, também é um prato cheio. Mas para aqueles que se ligam em maiores detalhes em uma trama, aconselho a ficarem bem longe, senão poderão se decepcionar com o mau desenvolvimento de praticamente tudo que o roteiro estendeu. E, acreditem, isso não é pouco.
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