Um pequeno filme que proporciona emoções fortes aos seus espectadores. Uma pequena jóia.
Um filme que sem dúvida ficaria obscuro para a maioria dos espectadores caso não tivesse sido indicado ao Oscar, incluindo o de melhor filme. Que bom que isso aconteceu. Eu adoro dramas, principalmente quando eles conseguem envolver o espectador ao ponto de fazê-lo sofrer (ou sorrir, ou demonstrar qualquer outra emoção) como os personagens do filme. Entre Quatro Paredes é forte nos principais quesitos que fazem um bom filme: um roteiro sólido, sem falhas, que faz com que julguemos os personagens de acordo com a nossa personalidade - o que faz com que alguns concordem e alguns discordem da solução encontrada pelos pais do garoto, Tom Wilkinson e Sissy Spacek, para livrarem-se (ou pelo menos encontrar alguma forma a mais de conforto) da dor sofrida pela perda do filho.
Além do belíssimo roteiro, o estilo de filmagem (não conheço nenhum trabalho de Todd Field anterior - acho que foi o primeiro filme dele como diretor) é muito interessante. O tempo todo a câmera fica suspensa, trêmula, acompanhando os personagens de uma forma até mesmo rudimentar, o que aumenta o realismo e a dramaticidade das situações. Finalmente, as interpretações, todas elas muito boas (até o rapaz foi ótimo), com certeza merecedoras das indicações ao Oscar – além do fato de Marisa Tomei estar divina no filme.
O filme não apela (não precisa) para trilha musical para evidenciar o sofrimento e outros sentimentos dos personagens. Sentimentos que são totalmente realistas: nem sempre os personagens têm eles definidos, como na cena onde o pai, depois de ter realizado uma certa aão perto do final do filme (numa cena incrível, cheia de suspense - eu senti calafrios quando o galho estalou lá no meio da floresta, e senti alívio quando soube que era apenas um animal), não sabe (e passa esse sentimento pra nós) se está aliviado, se está mais triste ainda, se acha aquilo realmente justo. Mas logo depois ele nota o curativo no dedo, e vê que o seu machucado está bom - uma passagem bem marcante -, o que quer dizer que ele apenas deve aceitar o que fez, que o tempo curará as feridas.
O filme me fez chorar (raro), e o melhor é que isso não foi induzido (como no final de Uma Mente Brilhante, só para exemplificar, ou mais recentemente em Encantadora de Baleias), e sim veio naturalmente, depois de você ter se aprofundado nos sentimentos dos personagens. Também achei muito interessante a analogia que é feita entre o título do filme e o sentimento de Sissy Spacek (atenção: apenas continue a ler este parágrafo se não se importar em conhecer uma passagem importante do filme. Se for o caso, continue a partir do próximo). Se você prestou atenção, "Bedroom" (parte do nome original do filme) é também a parte da armadilha que prende as patas das lagostas, como o personagem de Tom Wilkinson explica para o garoto, no início do filme. E quando mais de uma lagosta fica presa no mesmo bedroom, elas se machucam umas às outras. Em relação ao filme, isso quer dizer que a mãe não poderia viver na mesma cidade que o assassino do filho, sem alguém sair machucado. Isso determinou, na minha opinião, a decisão final, que deve ter sido bastante difícil (embora isso não foi discutido no filme) de ser tomada.
No final, fica meio que um sentimento de vazio (bom para um drama), que nos questiona se tudo aquilo valeu a pena ou não. De qualquer forma, a vida continua, você querendo ou não encará-la. A única coisa a fazer é levantar da poltrona, mas com algo a mais dentro de si. Apenas não considero o filme uma obra-prima pois sei que, embora seja um drama muito bem montado, não tem uma carga de originalidade muito grande, e atualmente no cinema deve-se prezar esse item que anda tão sumido. Ainda assim, é um filme que recomendo muito.
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