Cinebiografia de um dos maiores esportistas de todos os tempos deixa a desejar pelo mau balançeamento de idéias.
Anunciado como uma das grandes promessas ao Oscar de 2002, o filme sobre a vida de Muhammad Ali foi uma obra tão pretensiosa quanto o personagem, mas com um resultado infeliz, assim como o destino do mesmo. Ele conta a história de Cassius Clay, que convertido ao islamismo, mudou o nome para Muhammad Ali, um dos maiores lutadores de boxe dos EUA.
O filme mostra o início da carreira do lutador, as conquista do título de campeão peso-pesado, a perda do título ao tentar lutar contra o sistema - ele havia sido dispensado do serviço militar, mas com a entrada dos EUA na Segunda Guerra, havia uma forte pressão para ele se alistar como voluntário; por se negar a isso, tiraram-lhe o título de campeão - e seu esforço para reconquistá-lo.
Não que o filme seja ruim, mas o enredo poderia ter sido muito melhor aproveitado. O começo é muito bom, mostrando a vida do personagem com uma interessante interação com o pastor militante Malcon X - particularmente, acho as cenas de Malcon X as mais interessantes do filme. Mas ainda assim de forma bastante morna e, o pior, do meio em diante o filme passa de morno a arrastado, o que, nem é preciso dizer, prejudica bastante o ritmo.
É complicado analisar o desempenho de um ator ao interpretar um personagem real, ainda mais quando não se conhece bem a biografia do personagem, mas não sei se a escolha de Will Smith para o papel principal tenha sido a certa. Ele é um ator meio burocrático, às vezes vai muita bem, às vezes mais ou menos, às vezes mal... E, em Ali, ele foi apenas razoável e bastante burocrático.
Do jeito que você vê o ator no começo do filme, vai ser o jeito que ele estará no final. Independente de ele estar em um momento feliz, apaixonado ou nervoso. Parece que o verdadeiro Muhammad Ali era um homem arrogante, mas Will Smith não conseguiu nem ser totalmente arrogante e nem simpático. Então, fica uma sensação de "tanto faz o que acontecer com ele...", e isso prejudica a luta final, pois como não se sente nem simpatia ou antipatia pelo personagem, apenas se assiste, sem grandes emoções.
Outra coisa negativa é que se passam anos, mas não se vê o personagem envelhecer um único dia. Nem mesmo um fio de cabelo branco na cabeça. Mas como todo filme de boxe, Ali tem algumas cenas de luta. Talvez elas também pudessem ser melhores aproveitadas, o que daria uma maior movimentação ao filme, mas infelizmente lutas não são o atrativo do filme, com exceção da última, que tem ótimas cenas, mas ela demora tanto para acontecer que a única sensação que inspira é a pressa de acabar logo.
No final, o filme mostra um resumo biográfico do personagem após aqueles acontecimentos, suas conquistas, paixões, etc. Mas ocultam que o ex-lutador atualmente sofre do mal de Parkinson - uma grande falha para um filme com pretensões biográficas.
Não reparei se o DVD que aluguei era uma versão apenas para aluguel, mas ele não continha nenhum extra. O que é bem ruim, um filme desses deveria ao menos conter uma boa reportagem biográfica sobre o lutador. Seria ótimo para os fãs do personagem e do esporte.
No caso, fica a recomendação para quem curte o esporte e que tenha paciência. Mas se você chateia-se facilmente, evite.
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