“Rede de Intrigas”, produção norte-americana de 1976, retrata os bastidores da televisão e seu envolvimento tumultuado no cotidiano do público. Dirigida por Sidney Lumet, a trama levanta questões sobre o universo da comunicação, principalmente do jornalismo, dentro de um veículo conhecido por sua magnitude e poder de influência. A busca pela audiência, os problemas de um jornalista e o tratamento da notícia são alguns dos aspectos revelados na obra.
Após 11 anos trabalhando na rede de televisão UBS, o jornalista e âncora de um programa de notícias Howard Beale (Peter Finch) vê a queda progressiva nos índices de audiência da emissora. A direção, descontente diante do fato, decide pela demissão de Howard, que anuncia aos telespectadores, no ar, que pretende se matar. Contudo, em face da repercussão da declaração junto ao público, acabam por admiti-lo de volta, só que agora era pedido para que ele repetisse o espetáculo. Com o retorno de Howard, a emissora se refez do baque e angariou novamente a audiência, contando com uma postura apelativa do apresentador aliada a uma reformulação do programa. A obsessão pela liderança da produtora Diana Christensen (Faye Dunaway) acaba culminando na morte do jornalista, arquitetada pelos organizadores da transmissão.
O filme mostra que a maneira como a televisão reage aos altos e baixos da programação é questionável do ponto de vista ético, uma vez que a preocupação com o que é transmitido torna-se secundária. O conteúdo está voltado para atender aos interesses comerciais, dando relevância somente para aquilo que irá atrair o público. Sendo assim, observa-se uma sobreposição da emoção na informação, caracterizando, na verdade, um espetáculo. No filme, a conduta das personagens denuncia uma realidade ainda atual no jornalismo veiculado pela TV, que pensa no lucro em detrimento do papel que deveria cumprir na sociedade. “Rede de Intrigas” questiona a atuação do telejornalismo e da credibilidade na qual é feito, já que muitas vezes os índices de audiência podem acabar tendo mais importância.
A carreira do diretor Sidney Lumet começou na televisão. Isso torna a proposta do filme mais interessante, já que ele conhecia os mecanismos e o ambiente do veículo. Além disso, deve-se levar em conta o contexto no qual o filme se insere, criado ainda em uma sociedade marcada pelas novidades oferecidas pela televisão. O filme foi premiado com quatro Oscars, incluindo o primeiro prêmio póstumo de Melhor Ator para Peter Finch, que havia falecido um pouco antes da premiação.
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