Na época em que o filme estava em produção, Dustin Hoffman vivenciava algo comum à personagem que mais tarde iria viver nas telas. Ele passava por seu primeiro divórcio e estava pensando em desistir do cinema e ficar apenas no teatro. Meryl Streep, por sua vez, também havia passado por momentos difíceis. Um ano antes, seu namorado John Cazale (o Fredo de "O Poderoso Chefão") havia falecido pois sofria de câncer. Dessa forma, tudo parecia dar errado - já que os atores que iriam interpetar as personagens protagonistas não estavam em bons momentos de sua vida. O que ocorreu foi o contrário. O diretor Robert Bunton soube unir as fraquezas da vida real com os problemas familiares da ficção.
A premissa não parecia ser grande coisa: "um casal que se divorcia e luta pela custódia do filho". No entanto, diante dessa problemática, foram revelados outros dramas mais complexos. A necessidade da mulher cansada da rotina e da vida conjugal ter a sua liberdade, um homem descobrir o amor pelo filho e uma criança identificar o pai como um ser insubstituível, um "herói".
A trama é extremamente emocionante pelo fato de conicidir com um caso que ocorre freqüentemente nos dias atuais. O elevado número de divórcios não parece ser maior do que a importância que isso tem na vida de um filho, que vê seus pais se separarem e ele ter de escolher entre os dois. E é justamente aí que o Billy, a criança, aparece como a peça-chave. Ele é o motivo da luta dos pais e o elo que ainda faz com que Ted e Joanna Kramer ainda reflitam no amor que sentem um pelo outro. A interpretação surpreendente de Justin Henry, que lhe traria a indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, encanta e coloca o espectador como cúmplice da dor de uma criança que tenta entender toda aquela reviravolta em sua vida.
No início, é esperado uma certa revolta em relação à atitude de Joanna. Porém, com o tempo, percebe-se que ela realmente passava por momentos complicados e que aquele isolamento (mesmo que pareça egoísta, ao abandonar o filho e o esposo) era a única forma de não se prejudicar ainda mais. O problema é que tudo fica nas costas de Ted, que tem de suportar o trabalho e a criação do filho. E, partir desse momento, parece haver uma sintonia. Joanna, Ted e o próprio Billy se reabilitam e passam a realmente entender e a expressar melhor o amor que sentiam um pelo outro.
Merecedor dos prêmios que ganhou por sua construção perfeita, pelas atuações impecáveis de Hoffman, Streep e o garoto Justin Henry, além dos acasos que fizeram desses casos inesquecíveis.
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