Novo suspense do diretor de um dos hits do "novo" terror americano da época passada, Midsommar busca retirar personagens fora de seu habitat natural de jovens americanos com graves dramas pessoais e colocá-los em uma situação de turistas de um espaço lisérgico e quase selvagem. Aqui esse espaço aparece sob a forma de uma comuna de personagens que parecem saídos das aldeias ciganas de séculos atrás, no interior campestre da Suécia, quando um dos amigos convida os demais para conhecer e estudar a antropologia dessa região. Se a sinopse e os minutos iniciais parecem sugerir algo como o cruzamento do terror de costumes com os muitos filmes em torno de "seitas" (O Homem de Palha é uma aproximação quase óbvia), o que vem a seguir dilui a força dessa introdução.
Se o elenco é de qualidade duvidosa (a única que escapa um pouco é a protagonista), Midsommar tem outros muitos problemas: 1) A ambientação naturalmente estranha e exótica é explorada de forma um pouco intrusiva, com excesso de trilha sonora em alguns momentos e um conflito com os americanos-clichê que de tão forçosamente absurdo as vezes traz mais risos involuntários do que estranheza; 2) A proteção aos códigos e condutas do povoado, próxima da reprodução dos filmes de bruxa é as vezes mal explorada (a proteção ao livro sagrado, a cena do menino mijando na árvore dos antepassados por exemplo) e o comportamento idiota dos protagonistas gera consequências e reações previsíveis dos personagens, 3) assim como no filme anterior, o diretor tenta e reafirma em muitos momentos que a estrutura do seu filme é de um terror diferente, quando na verdade justifica algo que deveria ficar injustificável (Hereditário) e repete o padrão protagonistas-imbecis-perdidos-em-um-ambiente-hostil de uma série de filmes terror comuns dos EUA (Midsommar).
No final, a impressão que fica é que o interessante prólogo e as questões iniciais do casal e da saúde mental, juntamente com as soluções visuais interessantes para os momentos delirantes ficam perdidos e são esvaziados em um todo desnecessariamente longo e com uma conclusão que varia entre o sugestivo e interessante e o bobo e engraçado. Nem o gancho de ser um filme de horror solar, em uma área diegética onde a noite e a escuridão praticamente inexistem é bem explorado pelo roteiro e pelo diretor, que só faz um contraponto em uma ridícula fuga de um dos americanos do dormitório para espionar um santuário local.
Mais uma vez parece é que Ari Aster não sabe explorar da melhor forma possível o potencial que deseja apresentar, assim como não sabe concluir seus filmes com o mesmo cinismo com que os desenvolve. O que pesa dessa vez, talvez, é que não há um ambiente tão imersivo como no filme anterior e não há uma Toni Collete que mascare a "magia" por trás das falhas.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário