David Ayer é um camarada interessante. Como sempre aconteceu no meio cinematográfico, vários profissionais de determinadas áreas se aventuram na cadeira de direção e vice e versa. Com apenas roteiros de filme de ação Ayer entregou os textos do excelente "U571", o péssimo "SWAT", o razoável "A Face Oculta da Lei" o 1º Velozes(que continua sendo o melhor da franquia) e os ainda inéditos "Fury" e "Sabotage". A primeira aventura de Ayer na direção, também leva a assinatura de seu roteiro esse exemplar "Tempos de Violência"...
Acompanhamos aqui a estória de Jim Davis (Christian Bale, “O Operário”, “Inimigos Públicos”), um ex-combatente no Iraque que, como vários outros em sua situação, está tendo dificuldades de se recuperar dos traumas. O que ele almeja a todo custo é voltar a trabalhar na polícia, entretanto, acaba se envolvendo na verdade numa onda de crimes e violência, o que faz com que seu antigo amigo Mike Alonzo (Freddy Rodriguez) acabe seguindo os seus passos...
Alguns podem citar o amontoado de clichês propostos na fita, mas na verdade o tema central eu achei bastante semelhante a "First Blood" que deu origem a franquia Rambo onde aqui é trocado o Vietnã pelo Iraque, onde um ex-fuzileiro volta a a sociedade com as mesmas fraquezas que possuía antes de ir para a guerra e agora rodeado de mais traumas propostos pelas situações as quais o mesmo foi imergido. Jim Davis é sujo, egoísta e não mede esforços para atingir seus objetivos. Aliado ao seu amigo Mike Alonso, que é um preguiçoso e mente constantemente para sua esposa, Davis vive um dilema constante onde terá que escolher entra uma vida esclusa de luxo e pacata ou um perigo eminente, mas bem remunerado.
Ayer continua sendo lembrando mesmo mais de uma década depois pelo seu trabalho em "Dia de Treinamento". Acredito que esse seja ainda seu melhor trabalho ao lado de "U571". Ayer ainda dirigiu recentemente um outro bom projeto "Marcados para Morrer" onde foca o trabalho dedicado de dois policiais que amam sua profissão. Ayer não é um extraordinário roteirista ou diretor, mas ao menos entrega trabalhos satisfatórios e cumprem seu papel proposto.
Na parte técnica, se sobressaem fotografia, som e edição de som. O tom da película é sempre puxado para o azulado, opaco e cinzento filmado genialmente por câmeras digitais, trazendo a falta de perspectiva de um futuro feliz e tranquilo e ressaltando a difícil vida nos guetos e subúrbios norte-americanos . Já o som da película é bastante limpo e aprazível de se ouvir. Note como é límpido e incólume o som nas cenas de tiroteios ou perseguições. Uma opera para os ouvidos!
Mas o ponto alto do filme sem dúvidas é o elenco. Todos sem exceção de ninguém estão fantásticos na fita. J. K. Simmons o eterno Jameson da franquia do cabeça de teia de Sam Raimi infelizmente teve sua carreira reduzida a papéis coadjuvantes. Na pele do agente federal Richards, Simmons está irreconhecível e mostra um trabalho coeso e sério sabendo das falcatruas de Davis mas mesmo assim enxergando nele um possível excelente policial e profissional, um potencial imenso. Terry Crews na pele de Darrel é Terry Crews aquele vizinho gente boa, mas noiado que você mantém uma certa distancia, mas sabe que ele conhece as pessoas certas. Eva Longoria mostra a frustração e decepção com o marido fracassado e vadio lembrando do homem por quem se apaixonou no passado e que hoje é a sombra daquela pessoa. Freddy Rodriguez mais uma vez tem sua carreira reduzida a papéis de "homens-boa-praça-latinos" e também está excelente.
Mas é Christian Bale a alma do filme. Bale entrega a interpretação de sua vida até aquele ano e deveria ter sido indicado ao Oscar, nesta espiral de tensão que cada vez aumenta em direção a um final chocante, mesmo que não seja tão surpreendente. Transtornado e instável pelas mazelas da guerra, ele tenta manter seu equilíbrio enquanto lida com drogas, tráfico de armas e muito álcool... Quem sabe daqui a alguns anos esse excelente filme policial-ação não seja lembrado?
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