De acordo com o dicionário 'Melhoramentos' a definição da palavra ostentação seria: 'Ostentação é uma palavra que tem origem no termo em latim ostentatio, que significa exibição vã ou inútil. Uma pessoa que recorre à ostentação é muitas vezes conhecida como afetada ou fútil.' Bem essa palavra até então desconhecido por muitos, tem seu auge de dialeto com essa moda ridícula chamada de 'Fank'. Escrevo a palavra com essa grafia pois pra mim Funk é a música tocada por James Brown, mas bem o fato é que a grande maioria da juventude hoje está se preocupando muito com o luxo exacerbado e fácil e muita das vezes sem se importar muito a verdadeira fonte, de onde vem todo o brilho que banca a farra toda. "Spring Breakers" fala dessa vontade dos jovens hoje em querer aparentar que estão bem a todo o momento, se divertindo a todo custo, mesmo que para isso precisem utilizar de atitudes e meios ilícitos para atingirem seus objetivos.
A algo de Terrence Malick em "Spring's" devido ao enquadramento fora de foco constante, uma procura acentuada e arbitraria por uma poesia em cada imagem, em cada fala dos personagens. Pode ser que isso tudo não passe de uma bobagem sem fim, mas o fato é que existe realmente um teor lírico nas imagens de Korine, mesmo que para isso ocorra a ininterrupta exibição de seios, garotas com biquínis mínimos pulando a todo instante, um arsenal de banhos de bebidas alcoólicas, festas e mais festas sem horário de término, tudo isso em muita, mais muita câmera lenta mesmo. Como disse, pode parecer gratuito e o pensamento que o diretor ouse a mostrar isso com a pura e simples intenção de chocar, mas isso visto por essa nossa atual geração perdida seria como se fosse o paraíso. Essa exibição nada mais é do que um fluxo muito utilizado a já anos pelo mundo a fora por diretores como Wong Kar-wai por exemplo que estampa um mecanismo elíptico e esfacelado que mistura reflexões individuais com acontecimentos objetivos, regado a muito 'voice over'.
É inegável dizer também, que o filme apresente referências para com a obra do diretor Brian DePalma realizada em 1982 "Scarface". O rapper/traficante de tudo e quanto é coisa 'Alien' além de possuir posteres do personagem emoldurados na parede de seu quarto e ainda dizer em certo momento te-lo como fonte de inspiração e ídolo máximo. É claro que não possa existir uma comparação mais contundente entre as duas obras, mas o fato é que os dois seriam já figuras condenadas a um filme trágico, talvez impossibilitadas de um final feliz. Em suas narrações, Alien sempre faz rimas enaltecendo o amor que sente pelas meninas e o real e comparações ao sonho americano. O personagem de Franco rouba a cena, tendo sido indicado como Melhor Ator Coadjuvante em algumas premiações por aí. 'Alien' é hilário, sagaz, assustador, perigoso, apaixonado e extremamente frágil em outros. Pra quem cresceu jogando GTA ele realmente pode ter status de Tony Montana...
Em 1995, Korine ficou famoso ao lado de Larry Clark ao escrever o roteiro de "Kids" com apenas 19 anos de idade, mas vamos ser sincero o filme fez sucesso realmente pela temática e temas que abordava a narrativa da fita era bem mediana. Hoje com 41 anos o menino prodígio se transformou em decepção, dirigindo somente filmes medíocres e sem expressão, ganhou uma certa notoriedade com "Mister Lonely" de 2007, mas que tem seu nome nos holofotes novamente é com "Spring Breakers" e enfim demonstra certa competência. Utilizando uma fotografia que abusa de iluminação alternativa, uma coisa meio digital também com inúmeros tons cítricos e fosforescentes, valorizando cores vivas e contrastes estupendos. Alternando a tediosa vida escolar para o ritual quase que religioso que são as férias de primavera, exibindo sem pudor corpos que recebem o mantra da cocaína e são aspirados posteriormente por jovens ensandecidos. Um outro acerto do diretor é a mudança drástica que o filme toma com o surgimento de 'Alien' no meio do filme, excelente.
Antes mesmo de ser lançado, o filme já gerava polêmica por apresentar duas ex-estrelas da Disney semi-nuas: Selena Gomez e Vanessa Hudgens. E realmente o corpo das duas são explorados ao extremo o tanto quanto se pode. Aliadas a outras duas melhores amigas interpretadas por Ashley Benson e Rachel Korine o quarteto transborda sensualidade e essa exibição é totalmente hipnotizante. Rachel Korine a menos conhecida de todas, provavelmente entrou no projeto somente por ser esposa do diretor. A Harmone seu safadinho! Fala sério galera o camarada já possui mais de 4.0 e a ninfetinha tem somente 21 anos! Bem esperto esse rapaz! Voltando as garotas, suas atuações são boas, mas o que mais emprestam mesmo a seus papéis são suas belezas estonteantes. Eu não me importaria nenhum um pouco em sapecar um viagra para pegar as quatro garotas... De uma vez...
Korine entrega uma obra que acerta por parecer totalmente espontânea, por parecer estar correndo em ritmo decorrente, que realmente não havia roteiro, que tudo que é dito foi bolado pelas próprias personagens. Korine consegue, com muita habilidade, unir duas trajetórias que seriam essencialmente opostas: de um lado, a pecaminosa, que envolve assaltos, nudez, alcoolismo, drogas, e muitas outras formas profanas; do outro lado, a sagrada, que envolve a busca pela experiência religiosa. As meninas saem da cidade pacata onde só enxergam imobilidade para tentar encontrar aquele paraíso idílico onde as coisas fazem sentido, onde se sentem vivas. Quem se apegar somente as imagens exibidas na tela, ignorando o lirismo e os mecanismo estéticos, provavelmente achará aquilo tudo gratuito e não enxergará a verdadeira crítica de Korine a juventude atual, uma pena, um equivoco. Quando três das garotas estão próximas de realizar um crime ao lado de Alien, elas pedem a ele que toquem algo inspirador em seu piano. E ele toca 'Everytime' de Britney Spears. Talvez a passagem mais bela do filme. É com certeza uma fábula espiritual moderna...
Filme chato..... Olha a nota do Carbone!!!! O texto tá bem melhor que o filme, Lucas. Parabéns.