Cara, com certeza os EUA é o pais mais amado e odiado do mundo. Odiado pelo seu patriotismo exacerbado, seu amor por armas, guerras e explosões e sua visão de elite e por se acharam os melhores do mundo. Mas de certa forma amado, pois sua cultura influencia toda a América Latina desde sempre e mesmo que hoje a imigração pra lá tenha sido um pouco reduzida, o tão almejado 'sonho americano' já foi objetivo de milhões de pessoas ao redor do planeta. Mas bem, vamos ser sinceros, apesar dos norte-americanos gostarem de meter tiro e pipoco pra tudo e quanto é lado, suas ultimas guerras iniciadas e disputadas eles não se sagraram tão vencedores assim, apesar de na Guerra Fria eles terem mostrando ao mundo que o Capitalismo não é uma ferramenta tão justa, mas é melhor que a bosta do Socialismo. Vietnã, Iraque e Afeganistão foram os países que os guerreiros do Tio Sam acabaram saindo como rabo entre as pernas e mesmo assim, as derrotas não abalaram o orgulho e pensamento de hegemonia por parte deles.
"Sniper Americano" não foge do estereotipo de inúmeras outras produções que enaltecem o sentimento de tocar terror e fogo nos quatro cantos da Terra. "Falcão Negro em Perigo" retrata um pouco essa necessidade de tomar partido de todo conflito ao redor do Globo, visto que a operação no pais da Somália era pra se encerrar tranquilamente, mas acabou virando uma verdadeira carnificina. O último longa do mestre Tio Clint, que no alto dos seus 84 anos, continua trabalhando com folego surpreende de um Blondie/Estranho sem Nome ou Dirty Harry da vida, falha por não trazer nada de novo sobre o conflito entre USA e Oriente Médio já explorado de forma maçante nos últimos anos e por encomiar ainda mais o ódio por aquele povo, pois aqui árabe bom é árabe morto, parece que é uma unanimidade, todo camarada de turbante merece uma bala no meio da testa. Não tem meio termo e a sensação em ter domínio da situação e resolver os impasses de forma agressiva vão criando a história do 'Mais letal atirador de elite da história dos EUA'...
O filme já se inicia com o pau quebrando na Guerra do Iraque, onde vemos Chris Kyle em um ponto crucial onde ele deve tomar uma dificílima decisão e bum! A fita volta lá na época da infância do personagem, onde vemos que ele teve uma criação bastante rígida, com um pai excessivamente religioso onde ele espoe e explica o lema da família que segundo ele, só existem três tipos de pessoas no mundo; as ovelhas, os lobos e os pastore alemães. As ovelhas são as vítimas, os lobos são os que se aproveitam das vítimas, ou seja as ovelhas e os pastores alemães possuem a aptidão e a pericia necessária para proteger as vítimas. Após esse breve flahsback fica explicito que Kyle quer se tornar um pastor alemão. Cidadão tipicamente Texano, Kyle participa de certos rodeios, mas após assistir certa reportagem na TV, nosso protagonista toma uma decisão repentina e totalmente divergente até então, servir o país se alistando no exército. Durante todo o seu treinamento, várias piadas de seus superiores e colegas de equipe são feitas a cerca de sua idade, bastante avançada para esse tipo de 'trabalho'. E por mais que muitos aleguem que Kyle possuía um certo dom divino com o tiro, nos é exibido que o atirador é familiarizado com armas e violência desde a infância com seu pai psicopata.
Dizem que inicialmente, quem iria tocar o projeto seria o gênio Steven Spielberg, já calejado e familiarizado com o gênero, tendo dirigido as obras-primas "A Lista de Schindler", "O Resgate do Soldado Ryan" e o fraco e melodramático "Cavalo de Guerra", mas ele acabou abandonando a direção do longa devido ao baixo orçamento disponibilizado para a produção do filme. Assume então Eastwood que também já conhece a guerra muito bem, tendo entregado obras bastante convincentes e excepcionais. "A Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima" foca mais no drama, mas que são retratos veredictos da 2ª Guerra Mundial. Aqui, mesmo com dinheiro escasso, Tio Clint dribla essas limitações com sua eximia habilidade, como exemplo a cena em que Taya Renae liga para o dizer o sexo do bebê que espera, enquanto Kyle está sob fogo cruzado, a condução da cena é muito bem mesclada, oscilando entre o som, ação e o desespero da esposa do Tenente ao escutar os tiros e temor pela vida do esposo. Porem isso é muito pouco, a fotografia e montagem do filme são apenas razoáveis e o roteiro de Jason Dena Hall é um tanto quanto raso.
A maior falha no desenvolvimento do personagem de Chris Kyle é a extrema semelhança com o Sargento William James, interpretado otimamente bem por Jeremy Renner, indicado ao Oscar de Melhor ator em 2009, por sua interpretação em "Guerra ao Terror". James e Kyle se conectam pela dependência de uma substancia entorpecente similar ao crack, o vício pela guerra. Kyle assim como James, também não conseguem retomar suas vidas fora do ambiente do exercito e uma simples convivência com a família se torna uma tarefa árdua, dolorosa e intricada. A adaptação na cidade vira um pandemônio e um fatídico churrasco transforma-se num inferno. Apesar da cópia descarada, não podemos tirar o mérito de Cooper, que já se desprendeu a tempos de "Se Beber, Não Case!". Não só no sotaque que o ator se destaca, mas também na evolução da personalidade do personagem, que vai se transformando a cada incursão para o Iraque, através do olhar, da fala pausada e do semblante, Cooper compõe talvez sua melhor atuação até então...
Tio Clint assusta o telespectador ao levantar não só a bandeira dos Estados Unidos da América no patamar mais alto, mas também quando ouvimos em vários momentos que Kyle é o "mito", isso soa a todo instante como uma coisa boa Aqui, o herói tira a vida dos caras maus, mas até ele precisa de um antagonista, de um vilão do mesmo nível, no caso o outro atirador, Mustafa. Kyle surge em determinados momento como defensor do partido republicano de Eastwood, e como um vingador do 11 de Setembro e aí a fita se perde em exaltar esse 'herói' que matou no mínimo 160 pessoas ou discutir se a invasão ao país de Saddam realmente era a coisa certa a se fazer. Bem, pelo menos para Kyle era, e o SEAL defende isso a todo instante, e essa leva de obrigar o espectador a acreditar nisso é o maior erro do diretor. E o discurso de que a guerra detona a psique dos soldados, já está mais do que batido, os inúmeros longas que retrataram o tema estão aí pra não nos deixar mentir, como "O Franco Atirador", "Entre Irmãos" e até mesmo o próprio "Guerra ao Terror" já fizeram isso de forma realista e satisfatória.
As motivações que levaram Kyle a ser considerado o atirador mais letal da história da Marinha americana são simples, tal como a sua personalidade. Ele diz algo do tipo: 'eu mato para salvar meus companheiros'. E pronto, não há muito que contestar, questionar ou refletir. Não há outro sentimento velado em sua fala, em suas ações. Clint deixa isso bem visível no filme, o que não é problema algum, mas definitivamente tirou o poder que a história poderia possuir enquanto experiência cinematográfica. Cooper acreditava tanto no potencial do projeto que ele mesmo comprou os direitos do livro "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History", começou a produzi-lo sozinho e desde o inicio queria encabeçar o papel. No filme, poucos destaques, entre eles a ótima interpretação da bela Sienna Miller que provavelmente tenha o papel da sua vida e o que possa realmente leva-la ao estrelato e um e outro bom quesito técnico, mas no final resta a impressão que talvez o desenvolvimento da película nas mãos de outro diretor, teríamos um filme melhor. No final, nos resta ainda louvar o empenho e desejo do Tio Clint em ainda brindar o espectador com ótimos filmes...
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