Em 1999 todo mundo aguardava ansioso por aquele filme de ficção cientifica, aquele! Que era o 4º filme, mas em ordem cronológica seria o 1º da nova trilogia que em 1977; 22 anos atrás tinha deixado um xará meu com os bolsos abarrotados de verdinhas! Sim! Todos os holofotes do mundo estavam virados para George Lucas e seu mais novo projeto "Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma". Milhões gastos com CGI praticamente criado por Lucas e sua Industrial Light & Magic, milhões também gastos com marketing e propaganda e fãs ansiosos! Mas es que o filme foi uma grande decepção, não que a fita fosse ruim, mas é que carecia de personagens cativantes e emoção, fatores primordiais da trilogia original. Então um boca-a-boca absurdo foi tomando conta da rapaziada. Comentários e mais comentários de um filme novo, totalmente inovador com efeitos especiais extraordinários e excelente história foi tomando conta da situação e então "The Matrix" roubou a cena em 1999...
A história você já sabe... Não? O filme conta a história do hacker Neo (Keanu Reeves), ou Thomas Anderson, sua identidade real, que até o ano de 1999 levava uma vida em que ele próprio acreditava ser real, comum. Até que finalmente Neo consegue contato com o misterioso Morpheus (Laurence Fishburn), que o introduz ao verdadeiro “mundo real”. E nessa nova realidade, Neo descobre que está a duzentos anos a frente do período que acreditava estar e que as máquinas dotadas de grande capacidade e inteligência artificial elevadíssima haviam se rebelado contra a humanidade e acabado por tomar conta do mundo, ou o que sobrou dele. Neo ainda acaba descobrindo que Morpheus aliado a Trinity(Carrie-Anne Moss) moram na última cidade sobrevivente Zion e que bolam um último plano para derrotar de vez as máquinas.
O filme possui imensos pontos que até hoje são debatidos as pampas por aí como ideologia, filosofia, religião e diversos outros.
O catolicismo é um dos maiores deles como no início do filme ficamos logo sabendo qual será a função de Neo na trilogia. Choi, um cliente de Neo, chega ao quarto de Neo com alguns amigos para pagar e receber uma encomenda. Ele lhe agradece de uma maneira que passa a ser quase uma profecia sobre o futuro de Neo: "Aleluia. Você é meu Salvador, cara. O meu Jesus Cristo pessoal". Com as deveras revisões que o filme exige, ali de cara já podemos desvendar que Thomas Anderson é o messias.
Trinity ("Trindade", em inglês), Morfeu ("deus dos sonhos" na mitologia grega). Ele faz o papel de João Batista ao preparar o caminho para o "escolhido" e o de Deus Pai ao assumir a figura paterna de todos que já foram libertos da ilusão) e Neo (do grego "novo". Esse é o "escolhido" e um substituto para Jesus Cristo simples não? Nem tanto...
O filme como já citei acima é repleto de momentos que possuem uma analogia muito grande como o famoso "Follow The Rabbit", as pilulas, o oráculo, o arquiteto, o chaveiro, Link, os gêmeos, o merovingiano e inumeros outros. Cada pessoal que eu já conversei, fóruns na net e vários grupos espalhados e que discutem o filme até hoje extraíram uma interpretação diferente para a trilogia e eu acredito que nenhum realmente seja dono da verdade. Se bobear, (não descarto essa hipótese) nem mesmo os Wachowski sabem ao certo o que queriam dizer pois eles não esperavam o sucesso do filme e não escreveram de 'cara' as outras duas continuações então tiveram que concluir a história as pressas. E outra coisa o anime em que eles brutalmente se inspiraram "Ghost in the Shell" ainda na época não tinha um desfecho completo da saga...
Sobre a parte técnica ela é impecável e sem comentários, tanto que levou pra casa todos os Oscar que disputou: Melhor Edição, Melhor Efeitos Sonoros, Melhor Efeitos Visuais e Melhor Som. No BAFTA, faturou os prêmios de Melhor Som e Melhor Efeitos visuais, e também foi indicado em outras categorias, como Fotografia, Edição e Figurino. Não vou comenta-las pois são soberbas demais e todos os prêmios foram merecidos e sobre o Oscar caberia também ao meu ver indicações para Melhor Roteiro Original e Melhor Figurino e a trilha sonora também não decepciona, ah! O filme também levou um Grammy!
"The Matrix" ofuscou Star Wars? Sim! E com louvor! É um marco não só para a ficção cientifica, mas também para os efeitos visuais e para a história do cinema como um todo, o sucesso ultrapassou o cinema gerando lucros para os Wachowski e invadindo a cultura pop com bonecos, roupas, quadrinhos, games óculos e vários outros!
Talvez tenhamos em Matrix elementos para uma reflexão sobre uma nova ética emancipadora típica dos tempos de sociabilidade regressiva. O que significa que, em tempos de barbárie social é que se exige cada vez mais discernimento contra a manipulação que, na era digital, assume formas candentes; distinção do que é real e imaginário e capacidade ético-moral de escolha como condição para a consciência de si. Por mais que os Wachowski tenham encerrado a trilogia com chave de bosta e sua carreira continue bastante inconsistente, essa primeira parte continua fantástica!
Fala Lucas. Parabéns, cara. Eu ia escrever sobre esse filme - que considero não só o melhor, mas o único digno da série - essa semana. Mas li esse teu texto maravilhoso. Acho que desisti....
O Cristian tu anda meio sumido cara, rsrsrs...
Então sobre a trilogia ainda acho o 2º filme relevante, a cena da rodovia de perseguição na minha opinião é uma das melhores de ação do cinema caro, o 3º filme que os Wachowski se perdem, obrigado pelo elogio Cristian mas o universo Matrix é muito grande quem sabe vocÊ animar escrever um texto?