Os filmes de aventura precisam primeiramente de personagens cativantes, um protagonista carismático e um elenco de apoio que de todo o suporte necessário pois o filme de aventura na maioria das vezes reúne também drama, comédia e romance. Um vilão caricato também é bem-vindo e se não for pedir muito, um ou dois atores oscarizados. Formula perfeita? Receita infalível? Nem sempre! Temos como exemplo os recentes "O Cavaleiro Solitário" com Johnny Depp e a nova releitura da história "João e o Pé de Feijão" que abusam de efeitos megalomaníacos grandiosamente especiais mas carecem de emoção e de uma certa simplicidade que acarretaria em obras mais divertidas. Joe Johnston comanda um filme doce, esperançoso e uma releitura dos clássicos do passado...
Na época de seu lançamento em 2004 a imprensa árabe soltou uma nota informando que nunca existiu a tal corrida do filme e historiadores garantem que os eventos mostrados na aventura são totalmente imaginados pelo homem que supostamente os viveu, o caubói Frank T. Hopkins. Filmes baseados em fatos reais sempre têm um atrativo extra. Se os fatos mostrados na produção realmente aconteceram, a aura de fascínio sobre a história aumenta e consequentemente a bilheteria cresce, é claro que muita coisa é engrandecida e a nobreza e coragem dos protagonistas é parte integrante do papel dos produtores, sempre de olho no que o "general audience", o famoso "grande público", gosta de ver nas telonas.
Bem, se os fatos expostos em "Mar de Fogo" são verídicos ou não a história funciona. Esse cidadão é um caubói que vivia na época do massacre dos indígenas norte-americanos (a época do típico faroeste). E como tal tem uma relação fraternal com seu cavalo, Hidalgo um mustangue que na época era considerado mestiço ainda. Esse Hopkins(Mortensen) é um ótimo cavaleiro, e acaba entrando numa aposta. Ah! Esqueci de mencionar que o caubói também é mestiço, filha de uma índia com um americano.
Enfim, ele parte rumo à Arábia para participar de uma tradicional corrida, que envolve centenas de cavaleiros orientais e muçulmanos bitolados. Todos concorrem a um ótimo prêmio em dinheiro oferecido pelo sheik Riyadh(Omar Sharif), que por sua vez, vejam só, tem uma bela filha meio que revoltada, chamada Jazira (Zuleikha Robinson), que não quer ser "apenas mais uma esposa". Dentre os competidores uma inglesa mercenária, interpretada por Louise Lombard, quer impedir de qualquer forma que Frank ganhe, para conseguir a vitória e poder cruzar sua égua com um ótimo cavalo (herança do sheik) e obter um super-hiper-cavalo e ainda temos outros príncipe árabe que não acredita que um gringo ou "impuro" poça vencer a corrida.
A ambientação é uma mistura de faroeste + Aladdin + Mundo de Marlboro + A Múmia. Podem até falar que estou viajando na maionese, mas me lembrei um pouco do filme "Lawrence da Arábia". Não por ser um filme impecável mas pelo grande número de figurantes, das grandiosas cenas do deserto e também de Omar Sharif. Sharif tem uma elegância que puta que pariu nem em 5 encarnações eu conseguiria ter. Seu personagem é nobre e justo. As vezes impetuoso mas nada que estrague sua áurea. No elenco de apoio ainda temos os desconhecidos Saïd Taghmaoui, Zuleikha Robinson e Louise Lombard.
Algumas cenas de ação conseguem nos fazer prender a respiração de tão bem feitas que são, já a história é lotada de clichês como exemplo, a quantidade de árabes com inglês fluente naquela época e naquele ponto do planeta, mas se você relevar isso o resultado final não é comprometido. O diretor Joe Johnston parece ter se especializado em obras de aventura. Ao longo de sua carreira seu currículo possui os excelentes "Jumanji" e "Rocketeer" além de ter dirigido a ótima comédia "Querida, Encolhi as Crianças" o bom drama "O Céu de Outubro", a animação "Pagemaster" e filmes de caráter duvidoso como a adaptação das Hq's "Capitão América: O Primeiro Vingador" e outra adaptação "O Lobisomem", mas no final das contas é um bom comandante. Viggo Mortensen que vinha do sucesso estrondoso de O Senhor dos Anéis mostra aqui sua veia dramática e comprova ser um excelente ator. Em especial uma cena perto do fim em que vê seu cavalo Hidalgo entre a vida e a morte e começa a invocar rezas indígenas e de arrepiar os nervos!
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