Os dois tipos de adaptações cinematográficas que mais possuem obras sofríveis são as adaptações de videogames e de história em quadrinhos. Mídias que possuem histórias muitas das vezes ricas e com enredos envolventes, os fãs são obrigados a amargar produções que em suma maioria não possuem um terço da qualidade das obras originais. Dos videogames acredito que poderíamos citar apenas três bons filmes: "Mortal Kombat", "Silent Hill" e "Prince of Persia". Já nas Hq's temos mais obras com saldo positivo como "Homem-Aranha", "X-Men 2" e "O Cavaleiro das Trevas", só pra citar uma pequena apenas. Ainda nesse tema, temos um camarada que parece ter suas obras esmagadas por produções e diretores e sempre se mostra insatisfeito com isso. Esse cabra é Alan Moore. De suas 5 composições e criações levadas ao cinema, não temos nenhuma unanimidade de forma positiva. "A Liga Extraordinária", "Do Inferno", "Constantine", "V de Vingança" e "Watchmen" tem sim seus admiradores ao longo do globo, mas nenhuma foi considerado obra-prima. Cito aqui Alan Moore, pois o criador da Hq "Kick-Ass", Mark Millar, alega ser o maior fã de Alan Moore do mundo...
Millar cita que decidiu se tornar autor de histórias em quadrinhos quando conheceu Alan Moore em uma sessão de autógrafos lá na famigerada década de 80. E curiosamente, a fita "Kick-Ass" parece ter sido lançada no período errado, parece ser mesmo um filme dos anos 80, dos brutucus e do politicamente incorreto sem ressalvas e limites. O gibi, lançado em 2008 e adaptado para as telonas em 2010 fala também em vigilantes mascarados que habitam nosso mundo, tanto do lado do bem quanto do mal. Dave Lizewski é o típico garoto excluído de seu colégio, que mora com o pai viúvo. Ele é louco por gibis e histórias de super-heróis, o que acaba o influenciando na ideia de se transformar em um "herói da vida real", combatendo o crime em Nova Iorque,mas seu diferencial é que ele não possuí nenhum poder. As semelhanças com "Watchmen" a obra máxima do ídolo de Millar param por aí, pois "Kick-Ass" tem uma proposta mais realista e conta com parceiros bastantes atuais como o Youtube por exemplo...
Não li a Hq então não posso comparar certo fato que ocorre no filme, visto que em muitos momentos Lizewski o tal herói mascarado Kick-Ass se torna em vários momentos, coadjuvante de sua própria história. Isso porque quem rouba a cena e o melhor personagem da história é Mindy Macready a totalmente foda Hit-Girl. Criada por seu pai, o ex policial Damon Macready que posteriormente se torna Big Daddy, para ser uma máquina de matar, mas que mesmo com isso possui uma verdadeira relação, amorosa, repleta de afeto entre os dois. Num filme que obedece as convenções, no dia de seu aniversário ela seria presenteada por uma boneca, uma roupa, uma viagem ou coisa do gênero. Mas, como é um filme politicamente incorreto, Big Daddy dá um verdadeiro revolver para Hit Girl. E é em momentos como esse que podemos citar que sim esse é um ótimo filme e muito bem adaptado. Os chefões da tão injusta indústria cinematográfica jamais aprovariam uma salada de alucinações desse tipo, então o diretor Matthew Vaughn precisou bancar o projeto do próprio bolso...
A paixão de Vaughn se mostra presente ao longo de todo o filme, entregando uma fita divertida, com ação de qualidade e rendendo até mesmo momentos dramáticos. O egocentrismo da sociedade atual é jogado na tela sem cerimônia e os responsáveis pela realização do longa não se mostram comodistas em nenhum momento. Vaughn se aproxima ao máximo de mostrar como realmente seria se um jovem nerd inocente e apaixonado saísse nas ruas para combater o crime. Viciado em pornografia e em quadrinhos, Lizeski descobre da pior maneira possível que ir as ruas espancar criminosos não é tão fácil assim e que Homem-Aranha e companhia tiram isso de letra com seus poderes. Mas quando uma de suas presepadas repercute as pampas nas redes sociais, o jovem rapidamente inspira uma série de outras pessoas a fazerem o mesmo e outros a tomar o lado dos vilões também e as ruas vão se tornando infestadas de vigilantes mascarados.
Matthew Vaughn não precisa provar nada pra ninguém, o diretor já havia entregado outros dois bons filmes como "Nem Tudo é o que Parece" e "Stardust". Após o exemplar de "Kick-Ass" viria a dirigir outra obra baseada em Hq's e assumindo de vez seu posto no primeiro escalão de Hollywood com "X-Men: Primeira Classe". Aqui se mostra também um excelente diretor de atores. Aaron Taylor-Johnson e Chris Mintz-Plasse não são nenhum Marlon Brando, mas o diretor arranca competência e carisma dos dois. Até o então ultimamente bastante caricato Nic Cage aqui entrega um bom trabalho. Destaque para os sempre competentes Mark Strong, Jason Flemyng e Xander Berkeley. Mas não tem jeito quem rouba a cena mesmo é a musa teen dos nerd's Chloe Grace Moretz. O misto de inocência e pancadaria que a moça apresenta é de tirar o chapéu e é impossível não se apaixonar por ela. Hit-girl é responsável pelas melhores cenas de pancadaria, tiros e sangue no longa.
Mesclando ação, comédia, histeria e uma pá de outras coisas, Vaughn entrega um filme fantástico, retrato do inconformismo da juventude atual, de que algo está errado e é preciso fazer algo a respeito. Fãs de quadrinhos amaram, fãs de ação também e quem procura uma história original, mesmo que baseada, se deliciará também. E quem não gosta de nenhum desses outros gêneros citados acima vai gostar também, pois Vaughn bebe da fonte de Tarantino, citando desde seriados de Tv, celebridades e outros filmes também, é claro. Edição ágil e eficiente, uma bela e carnavalesca fotografia aliadas a uma trilha sonora com inúmeros artistas pops atuais, ditam o ritmo e transformam essa obra em uma chutadora de bundas... Millar em sua primeira obra adaptada já sai na frente de seu ídolo Alan Moore. Já rolou até a continuação, mas aí já é outra história...
Nossa o último paragrafo ficou um lixo... 😢
Hit-Girl é espetacular. Belo filme. |Divertido como poucos, pena que teve que participou e não comprou a idéia (Jim Carrey). Ou terá sido jogada de marketing?
Provavelmente, na continuação Carrey está totalmente descartável...
Ainda não vi. Até onde sei, ele ficou descontente com o alto grau de violência deste segundo filme.