Algumas mortes na história atual, por mais que possuam alguns pontos relevantes de esclarecimentos permanecem uma incógnita. Hitler por exemplo, Brandon Lee e o próprio Bruce Lee, Brittany Murphy, Elvis Presley, Heath Ledger, Jim Morrison, Michael Jackson, John Kennedy, Paul Gray(baixista do Slipknot), Princesa Diana, Marilyn Monroe entre tantos outros. São falecimentos que nunca tiveram uma conclusão definitiva. Em 1959 morre também o Superman. Quer dizer, na verdade morre George Reeves que protagonizou uma série do ultimo filho de Krypton que foi ao ar na TV norte-americana durante a década de 50. Reeves era um cara bonitão, que teve sua estreia nos cinemas com uma ponta no clássico "... E o Vento Levou" e acabou alcançando o estrelato de uma forma que ele provavelmente não gostaria, através de um seriado infantil. Talvez ele tivesse se tornado um astro do primeiro escalão, mas se no seu encalço não tivesse a esposa de um dos chefões da MGM...
Na trama, acompanhamos o detetive particular Louis Simo tentando desvendar a misteriosa morte de George Reeves. Simo foi contratado pela mãe de Reeves, pois ela não acreditava que seu filho seria capaz de se matar. Durante as investigações, o detetive descobre uma série de pormenores que indicam que a versão oficial tinha vários furos. Na cena do crime, o cartucho da bala foi encontrado debaixo do corpo de Reeves, que estava deitado nu em sua cama. A arma estava caída no chão entre seus pés e não tinha impressões digitais. O ferimento na cabeça do ator e suas mãos não tinham vestígios de pólvora. Da forma que a bala entrou em sua cabeça, não poderia ter se alojado no teto. Havia outras marcas de bala no chão do quarto, que a noiva de Reeves, Lenore Lemmon, disse que foram feitas dias antes, acidentalmente. E Lenore, que estava na casa acompanhada por 3 amigos, demorou 45 minutos para chamar a policia após o tiro fatal, ou seja o caso tinha um desfecho muito estranho e ainda muita lenha pra queimar...
O roteiro de Paul Bernbaum é bem coeso e o mesmo já afirmou em algumas entrevistas ter sido muito fã do seriado quando era criança, então o escritor meio que desenvolve um lance pessoal com a história. Bernabaum consegue retratar de forma aderente toda a frustração que atormentava Reeves pelo fato de não conseguir se desvencilhar do personagem. Após o seriado do Super ter sido cancelado, o ator resolve viajar para New York tentando deslanchar de vez sua carreira e até quem sabe se tornar diretor. Antes disso Reeves tinha um caso extremamente perigoso com a esposa de Eddie Mannix, Tony Mannix, achando que ela poderia lhe abrir as portas da frente de Hollywood e mesmo que ela não tenha conseguido fazer isso ao menos ela lhe dava conforto, inclusive dando uma casa para Reeves.
Com medo de um abandono, Toni nunca apoiou Reeves em sua carreira por definitivo. O ator não obtendo sucesso em Nova York retorna para Los Angeles já com uma namorada e a deserção batendo a porta de Toni fez com que ela ficasse arrasada não deixando Eddie Mannix feliz, pois o mesmo sabia dos casos extraconjugais da esposa e não se importava com eles, desde que a companheira estivesse contente e como ela não estava, aumentou-se ainda mais os rumores de assassinato a cerca da morte de Reeves. O detetive particular Lous Simo apresenta uma semelhança de fracassos com a vida de Reeves. Largado pela esposa e filho, não possuindo um emprego fixo e ainda sendo traído pela namorada, Simo ve no caso um fiapo de esperança e uma possibilidade das coisas se acertarem e melhorarem.
Dirigido por Allen Coulter, diretor responsável pelo regular "Lembranças" estrelado pelo vampiro que brilha Robert Pattinson, Coulter entrega uma obra que poderia ter sido melhor pois em determinados momentos estende demais passagens e o desenvolvimento do enredo, apresentando explicações de entendimento obvio e soluções preguiçosas. O ponto forte mesmo é a ambientação noir que lembra o também não tão bom assim "Dália Negra". O figurino é muito bonito e nos imerge naquele período histórico da década de 50/60 aliada a uma trilha sonora com temática também daquela época. Outro fator positivo é o elenco a disposição de Coulter. Adrien Brody provando não ser ator de um filme só (No caso 'O Pianista') oferece uma atuação singela e obstinada, o melhor em cena com certeza. Diane Lane empresta não só sua beleza mas também um excelente trabalho na pele de uma mulher provocadora mas carente. Bob Hoskins sempre competente, e Robin Tunney não fede nem cheira o elo negativo fica a cargo de Aflleck que mesmo fisicamente sendo parecido com Reeves comprova ser um péssimo ator.
Infelizmente Reeves teve uma vida decadente e infeliz. Foi tachado como ambicioso e impaciente, tendo sido lembrado como homem de um personagem só. Sua morte sem desfecho conciso, permanece questionável até hoje, mas pelo menos o mesmo deixou seu legado. O filme na sua época de lançamento dividiu opiniões da crítica e de espectadores, foi lançado em poucas salas e amargou prejuízos financeiramente, uma pena para um filme que tinha uma formula bastante atraente com elenco chamativo e boa parte técnica. Até onde podemos misturar realidade com ficção? A sequencia de uma festa onde Reeves está vestido de Superman e um garoto lhe aponta um revolver a fim de realmente testar seus poderes especiais é de gelar a espinha. Refletindo sobre esse momento de profunda melancolia, constatamos que quem puxou o gatilho é o que menos importa. Suas forças estavam no fim. Hollywood tinha sido a sua verdadeira kryptonita...
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