Sequências no geral são malditas... E alguns filmes também...
Alguns atores ou diretores ficam meio que "presos" e vinculados a certos tipos de personagens ou projetos, como Linda Blair que não conseguiu desvincular sua imagem de Regan em "O Exorcista", Mark Hamill para Luke Skywalker, Ralph Macchio para Daniel LaRusso em "Karate Kid" entre vários outros... A saga "Terminator" sofre dessa "maldição" com Linda Hamilton, Robert Patrick e Edward Furlong embarcando em outros projetos ao longo da cerreira, mas sempre sendo lembrados por "Terminator" o único fugindo a regra claro, Schwarzenegger... Antigamente um filme fazia sucesso e zefini, parava por ali e pronto, mas hoje sabemos que isso não acontece mais, basta um filme atingir milhões em bilheterias e uma franquia já é estabelecida e o sinônimo de qualidade nem sempre é vinculado ao processo, raras exceções fogem a regra desse padrão como "Back to The Future 2" e "Godfather - Part 2" e também esse aqui...
Sarah Connor (Linda Hamilton) está internada num hospital psiquiátrico após ser considerada louca por falar da vinda de um exterminador do futuro. Seu filho, John Connor (Edward Furlong), é criado por pais adotivos e, segundo ela, será o responsável pela salvação da humanidade num futuro dominado pelas máquinas. Para a surpresa de todos, as palavras de Sarah se mostram verdadeiras quando os andróides T-800 (Arnold Schwarzenegger) e T-1000 (Robert Patrick) chegam do futuro e partem em busca do jovem John com intenções distintas...
Diferente do 1º filme que visto hoje possui efeitos especiais bastante datados e frágeis devido talvez a curta verba que Cameron possuía, nesta película Cameron estabelece e revoluciona os visual effects que viria quebrar décadas depois com "Avatar" garantindo um realismo ímpar para época e que enche os olhos até hoje. Mérito das empresas Industrial Light & Magic, Pacific Data Images, Fantasy II Film Effects, 4-Ward Productions e Stan Winston Studio. Destaca-se ainda o excepcional trabalho de som e efeitos sonoros, perceptível nas diversas e sensacionais cenas de ação e a bela trilha sonora embalada por Guns N' Roses com “You could be mine” representando bem a rebeldia de John Connor, um jovem claramente perturbado por viver longe dos pais biológicos. O filme concorreu a sete Oscar e cabia mais duas indicações tranquilas que só não ocorreram devido ao conservadorismo da academia que seriam para Melhor Diretor e arrisco a dizer Melhor Película, o filme acabou levando para casa Melhor Efeitos Sonoros, Melhor Som, Melhor Edição de Som e claro, Melhor Efeitos Especiais...
Todos sabem que Cameron não é um exímio roteirista e parece que ele nunca fez muita questão de melhorar isso. Mas "Terminator 2" consegue o fato de prender o expectador,, proporcionando suspense e ação na medida certa, tirando o folego sempre que necessário. Escrito em conjunto com William Wisher Jr. o filme possui um prologo bem simples explicando o necessário para quem possa assistir a fita sem ter visto o 1º filme, o roteiro desenvolve muito bem os personagens, conseguindo criar uma relação crível entre o androide e o garoto, além de evidenciar o peso que Sarah carrega por saber da importância que ela e o filho têm na tentativa de evitar um futuro sombrio, dominado pelas máquinas. Repleto de frases de efeitos, repercutidas até hoje e dita por vários garotos(inclusive eu) ao longo das gerações a grande sacada do roteiro mesmo seja em inverter completamente nossas expectativas ao apresentar o vilão do filme anterior como herói neste segundo filme, algo, aliás, trabalhado cuidadosamente por Cameron para provocar surpresa no espectador...
A frieza daquele mundo visto no primeiro filme, aliás, é mantida pela fotografia azulada de Adam Greenberg nesta seqüência. Por outro lado, Greenberg utiliza cores mais quentes no presente e até mesmo um visual árido no deserto mexicano, que ilustra um futuro tão incerto quanto o daquelas pessoas perdidas em vastos terrenos sem vida. O futuro incerto, aliás, é o tema da franquia, que garante (pelo menos até este segundo filme) que nós escrevemos o próprio destino. A fotografia azulada volta no terceiro ato, reforçando o embate entre os frios exterminadores, mas dá lugar a um visual mais infernal no desfecho da luta entre ambos, que confere ares apocalípticos ao confronto...
A excelência da parte técnica não valeria de nada caso os atores não cumprissem seu papel. Furlong e Schwarzenegger são carismáticos ao extremo e conduzem uma relação "pai e fliho" que nos remete a torcerem por eles a todo tempo. Linda Hamilton novamente vive Sarah Connor uma mulher amargurada pelo peso do passado e pela responsabilidade que carrega nos ombros. A atriz se destaca especialmente na excepcional cena da conversa com o psiquiatra que aparece num vídeo gravado, onde transmite toda a amargura e revolta da personagem, infelizmente Hamilton é mais uma a perder a luta contra as drogas. Robert Patrick cria um vilão aterrorizante que a todo o momento nos faz pensar que tudo está perdido e não teremos paz....
“O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final” se estabelece como um filme superior ao seu antecessor, utilizando suas empolgantes cenas de ação como complemento para uma narrativa inteligente, que desenvolve personagens complexos e cativantes e deixa uma interessante mensagem. A franquia ainda trouxe uma razoável série de TV e outros dois péssimos filmes totalmente desnecessários comprovando o tanto que uma franquia poder ser boa ou maldita...
Um dos melhores filmes que já vi até hoje.
Sem dúvidas meu caro, ação/sci-fi de primeira!