Quando eu era moleque, meu pai classificava os filmes asiáticos de artes marciais como "xeropadas ou xaropadas japonesas" hoje não me lembro mais, só sei que por causa disso eu acabei criando um certo preconceito com esse gênero de filmes, até porque meu pai amava faroeste eu acabava assistindo mais esse tipo de filme. Como eu era criança na época eu não entendia muito bem esse desdem do meu pai com os filmes citados acima mas com o tempo e certas revisões posteriores percebia que sua opinião se baseava em certas situações que eram apresentadas na tela como lutadores invencíveis e praticamente imortais, fantasias dos folclores regionais, voos dos lutadores, falta de apreço com o roteiro e as vezes até falta de história plausíveis dando somente foco nos embates e vários outros exageros incontestáveis das fitas. Não só meu pai possuía preconceito com esses filmes mas praticamente todo o mercado ocidental e uma das primeiras pessoas se não a primeira a realizar filmes mais "pés no chão" e realista foi Bruce Lee. Lee criou um marco nessa industria e fez o ocidente abrir os olhos e tirar esse preconceito com os filmes orientais de artes marciais.
Com a morte de Lee, a imprensa mundial e vários outros meios quiseram meio que colocar alguém no 'lugar de Lee'. Os candidatos a este posto foram Jet Li e Jackie Chan. Mas venhamos e convenhamos, o posto de Bruce Lee é insubstituível.
Eu falei essa asneira toda aí em cima porque eu queria chegar no nome de Jackie Chan. Chan não é um excelente ator até porque seus personagens nunca pediram uma carga dramática a ponto disso. Talvez o seu papel mais dramático tenha sido no remake de "Karate Kid" e mesmo assim não é tanta coisa. Chan conta a seu favor seu imenso carisma e popularidade. Seus caracteres geralmente são aqueles camaradas de boa índole, honrados e ligeiramente ingênuos. Chan só estourou mesmo no ocidentel em 1995 com "Arrebentando em Nova York", mas antes disso já explodia sucesso na asia e não menos nesse exemplar aqui "Detonando em Barcelona".
Chan interpreta Thomas que ao lado de seu amigo David sem nenhum motivo original decide ajudar um detetive particular Moby a localizar uma herdeira milionária, só que diante disso logicamente irá embarcar em uma aventura cheia de confusões e perigos inesperados. No filme Chan é visto fazendo o que lhe mais é original e decisivo em sua carreira o uso de qualquer objeto que esteja próximo dele em suas lutas cadeiras, mesas, cordas, lampadas, etc. Em "Detonando em Barcelona" o riso e apreensão nas lutas é garantido devido a essa técnica que Chan usa. Chan também é mestre no estilo "Drunken Fist" que é aquele estilo de luta em que o guerreiro utiliza o aspecto de um bêbado nas lutas. Todas as cenas de luta assim como em todos os outros filmes da carreira de Chan são feitas por ele próprio, sem dubles e gravadas excessivas vezes. Em "Detonando.." Chan fraturou o tornozelo e as filmagens foram paradas por algumas semanas para que ele pudesse se recuperar.
"Detonando em Barcelona" em resumo é mais um filme de artes marciais com um roteiro raso e grandes desculpas para a pancadaria. Com certeza não é o melhor trabalho de Jackie Chan e também não é o pior, porem compre a pipoca e o refri pois a diversão é garantida.
Meu pai sempre dizia: "Quero ver um desses olho-puxado magrelo se fresquear assim pro Charles Bronson...é dois gritinho desses e ele metem um bala no meio dos olhos deles e acabou a festa!"
Hahaha, seu pai tem razão Cristian, Bronson, Giuliano Gemma, Lee Van Cleef e vários outros resolveriam as tretas com os asiaticos com meio segundo...