Vampiros permeiam o mundo pop, literatura e todo o tipo de mídia desde sempre... A essência do vampiro como um monstro sugador de energia vital foi uma das primeiras manifestações culturais desde Conde Drácula passando pelo recente "Crepúsculo" que me nego a comentar. Essa crença popular tem registro em culturas antiquíssimas como a mesopotâmica, a grega, a suméria, a babilônica, a asteca, a africana, a hebraica e muitas outras. Sendo o sangue o símbolo da vida, imortalidade. Parodias, games, filmes e chegando então nos quadrinhos. Criado por Marv Wolfman e Gene Colan, de propriedade da Marvel, 'Blade' é um vampiro 'diferente' que caça vampiros...

Muita gente acha que o universo Marvel começou a fazer sucesso no cinema com os famosos X-Men. Mas isso não é verdade. Blade pavimentou o caminho pros mutantes. Claro, não foi um sucesso estrondoso, mas mostrou que HQs da casa do Stan Lee poderiam render bons filmes, se feitos da maneira correta. E Blade foi feito da maneira correta. Com um climão film noir, misturado com mitologia vampírica e aparatos high-tech, presenciamos a saga de Blade, um caçador meio-humano meio vampiro que, junto com seu mentor e amigo Whistler, luta contra os sanguessugas, que no mundo atual, se envolveram com política e negócios, e controlam tudo de seus lares underground, protegidos da luz do sol. Apenas um deles, o Diácono Frost, está de saco cheio das antigas tradições, e quer sacudir as estruturas da sociedade vampira. Nesse plano, Blade pode ter um papel crucial. E não necessariamente como caçador...

O filme possui uma fotografia belíssima, azulada puxando sempre para tons sombrios e caracterizando a vivência dos vampiros. Já o figurino também é ótimo, couro e colan reinam no visual dos sugadores de sangue trazendo um que de fashion e despojo para os mesmos. O diretor Stephen Norrington possui apenas três filmes em sua filmografia: o mediano "A Máquina da Morte" com o excêntrico Brad Dourif, o péssimo e dispensável "A Liga Extraordinária" encabeçado por Sean Conery e está fita aqui que é seu melhor trabalho e que por pouco não caiu nas mãos de Davi Fincher(A Rede Social)...

"Blade" foi um inesperado sucesso, acho que nem os produtores esperavam que o filme fosse lucrar os mais de U$S 500.000,00 ao redor do planeta. Produtor no caso o próprio Wesley Snipes que vê no seu protagonista um papel que caiu como uma luva. A inexpressividade e silêncio constante de Blade condizem totalmente com suas péssimas atuações, mas aqui o resultado final não é comprometido já que Snipes conta com um elenco de apoio fantástico. Kristofferson(O Portal do Paraíso), Stephen Dorff(Um Lugar Qualquer) e Sanaa Lathan(Contágio) auxiliam Snipes de uma forma que seu trabalho seja coeso e preciso. Dorff alias, na minha modesta opinião é um dos atores mais injustiçados de sua geração, ou as vezes sua falta de aparições em produções mais "blockbusters" seja uma opção pessoal...

Um fato que acontece de vez em quando é um roteirista depois de um certo tempo assumir o posto de diretor, fato que ocorreu com David S. Goyer. Como diretor Goyer continua sendo um ótimo roteirista. Na cadeira geral, Goyer dirigiu somente filmes de quesitos duvidosos ou péssimas películas como "Alma Perdida", "O Invisível"

e "Blade Trinity". "Blade 2" dirigido pelo excelente Guilhermo del Toro amplia o universo de Blade criando um filme do mesmo nível do 1º, senão melhor. Del Toro poderia facilmente ter continuado no 3º filme, fato que não ocorreu e não imagino um motivo maior, talvez o envolvimento de del Toro em "Hellboy" ou divergências na produção, o fato é que Goyer entregou um péssimo filme criando uma trilogia e afundando todo os trabalhos anteriores...

Várias histórias de vampiros fogem um pouco da regra básica para não cair na mesmice e ter um que de diferencial. A melhor sacada da história de Blade é o fato dele ser "meio" vampiro e poder andar sobre a luz do dia, fato que causa irá nos seus adversário. "Blade" não foi concebido como trilogia e não é o melhor e definitivo filme de vampiros, mas em tempos de "Crepúsculo", permanece como um foda-se para os fãs Stephenie Meyer e lugar garantido na história dos sugadores de sangue...