Ah, meu herói preferido das Hq's! Consagrado em várias mídias, o homem-morcego dispensa comentários. A Warner pegando carona no sucesso da franquia 'Nolan', repete a estratégia adotada com a gloria também de outra franquia "The Matrix", com o êxito de "Animatrix" lança uma coleção de curtas ligando dois capítulos da série. Antes "The Matrix" e "The Matrix Reloaded" e agora "Batman Begins" e "The Dark Knight"...
Os roteiros ficaram a cargo de gente como Brian Azarello, David Goyer e Greg Rucka, entre outros e a ideia geral é é mostrar o impacto de um vigilante igual a Batman numa metrópole como Gotham, caracterizada tão bem nos filmes de Christopher Nolan como uma cidade real. Os animes funcionam, mantendo um clima muito parecido com suas contrapartes cinematográficas e diferente da trilogia dos Wachowski, o filme não mergulha em mitologias a série é mais orientada somente pelo estilo oriental. Para a execução foram chamados quatro dentre os maiores e melhores estúdios japoneses da atualidade: O 'Madhouse' do insano e onírico 'Paprika', o 'Studio 4°C' do hiper-detalhado e urbano 'TekkonKinkreet', o 'Production I.G.' do clássico cyberpunk "Ghost in the Shell" e o 'Bee Train Inc.', que trabalhou em 'Blade of the Immortal'.
O filme abre com 'Have I Got A Story For You', curta escrito por Josh Olson, roteirista de "Marcas da Violência" e dirigido por Koji Morimoto, responsável pelo anime 'Tekkon Kinkreet.' tem traço estilizado para contar a história da impressão que o morcego imprime em cada um dos que o vêem. Diversos garotos contam (numa história que se interliga) como participaram indiretamente da caçada do cavaleiro das trevas a um inimigo. Muito bem construído na parte visual com fortes traços realistas nos cenários (em especial na pista de skate onde o filme começa e termina) e com personagens bem caracterizados, apesar de extremamente estilizados, diálogos inteligentes e um final muito criativo e que combina perfeitamente com a proposta do filme.
O segundo segmento começa uma espécie de arco de histórias, que liga os outros curtas que virão. Esse é mais tradicional nos traços de anime e no seu roteiro. Explora a relação sempre conturbada de Batman e a polícia de Gotham. Os Detetives Allen e Ramirez (essa última, personagem do novo filme) precisam levar um fugitivo do Arkham de volta ao Asilo, que agora tomou todo o território do Narrows, por causa dos eventos de Batman Begins. Na volta da missão acabam no meio de uma guerra entre as gangues de Sal Maroni e dos Russos. O grande enfoque aqui é o que a polícia acha de ter um vigilante os ajudando. Enquanto Ramirez defende o Morcego, Allen acha um absurdo ter de cobrir os feitos de um fora-da-lei. Essa confiança do detetive é colocada em cheque quando Batman é o único que pode salvá-los da morte certa. A montagem desse episódio é primorosa e insere o espectador com grande felicidade numa espiral de claustrofobia. Roteiro do quadrinhista Greg Rucka, conhecido dos fãs do morcego por sua passagem pelo título.
“Field Test” de Hiroshi Morioka é o mais fraco da coleção. Uma história simplória sobre o uso de um novo elemento do uniforme do Batman que não funciona tão bem. Participação de Lucius Fox e uma caracterização infeliz de Bruce Wayne, que parece muito mais novo do que o personagem dos filmes e mesmo dos quadrinhos. Apesar disso, começa interessante abordando outra faceta (a mais interessante do personagem) de Batman: a de detetive. Porém, o desenvolvimento e principalmente os últimos cinco minutos reduzem o impacto da história. Batman decide que em sua cruzada, apenas a sua vida tem de ser arriscada e não a dos outros. Passa uma mensagem bacana, mas não empolga muito...
“In Darkness Dwells” de Yusuhiro Aoki e Yuichiro Hayashi conta uma história envolvendo dois vilões bem tradicionais do morcego. O Espantalho (com um visual que mistura os quadrinhos com a abordagem dos filmes de Nolan) e o Crocodilo. Usando e abusando de altos contrastes inserindo a história numa escuridão muito parecida com o clima dos momentos mais dark's do personagem. Apresenta um roteiro simples mais muito bem conduzido com cara de HQ do personagem. Em termos de fidelidade ao clima do material original sem dúvida é que mais se destaca e talvez por isso, peque por não arriscar. Mais são detalhes mínimos perto da incrível inserção do espectador naquele mundo sujo e sombrio dos esgotos de Gotham. Roteiro de David Goyer, o roteirista da última franquia de filmes do morcegão.
O quinto conto é o melhor. Escrito por Brian Azarello, da renomada HQ 100 Balas e dirigido por Toshiyuki Kubooka, de Giant Robot e Gunbuster, Work Through Pain é uma belíssima história (mais uma produzida pelo Studio 4°C) que mostra uma parte do treinamento de Bruce Wayne para lidar com a dor. Repleto de referências a cultura oriental e suas fabulosas filosofias de vida e cuidado com o corpo e alma é uma aula de como construir em pouco mais de dez minutos uma narrativa coesa e inteligente. Durante sua jornada em busca da saída, Batman não enfrenta nenhum inimigo fisicamente presente, apenas suas limitações de corpo e mente.
No geral, a única coisa que atrapalha um pouco é a voz do Homem-Morcego, dublada por Kevin Conroy. O ator fez um trabalho memorável na série animada mas aqui seu tom simplesmente não se encaixa. Algo mais próximo de Christian Bale, que interpreta o Batman no cinema, seria o ideal. Mesmo nos dois trabalhos menores existem ali presentes as características do personagem homenageado e traços de originalidade e até ousadia. De qualquer forma, "O Cavaleiro de Gotham" merece ser conferido não só pelo fãs do Cruzado Encapuzado, mas como na dos admiradores da animação japonesa, que agora entra de vez no mercado norte-americano com sua visão bem própria de um ícone da cultura-pop ocidental...
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