Quando o jovem cineasta Xavier Dolan surgiu em 2009 com seu filme de estreia "Eu Matei Minha Mãe" logo conquistou o júri de festivais mundo afora, nada mais justo, já que a história da mãe dedicada tendo de lidar com seu filho mimado não poderia soar mais sincera. Não há nada melhor que um roteirista que conheça sua história e um diretor que a conte com a verdade que merece e por isso que o jovem mereceu todo o reconhecimento.
Alguns anos depois vem a prova de que ele continua crescendo e expandindo seu conhecimento, é ótimo ver a diversidade na filmografia do diretor e sua evolução, há uma melhor exploração dos temas que aborda, uma construção mais cuidadosa e sensível dos personagens e atmosferas criadas como quem experimentou e se saiu bem ao explorar diferentes linguagens, como é o caso do provocador Tom na Fazenda, seu quarto longa.
Aqui somos apresentados a Tom, um jovem que vai para o funeral de seu noivo no interior da cidade e se hospeda na casa da mãe do falecido, lá ele descobre que a senhora não sabia a respeito da orientação sexual do filho, para complicar ainda mais, Tom é atormentado pelo irmão mais velho de seu noivo, que o força a alimentar a mentira de que o rapaz era heterossexual. Se a partir disso o diretor consegue criar uma atmosfera claustrofóbica com êxito, ele consegue o mesmo de seu protagonista, interpretado por ele mesmo, numa cuidadosa composição de personagem dando a Tom uma expressão sempre cansada e frágil, no contraponto temos um brilhante e charmoso Pierre-Yves Cardinal como Francis, o irmão mais velho e sociopata.
Numa oscilação de situações estranhas e atitudes duvidosas de ambos os personagens, vemos o protagonista se perder no seu novo mundo, onde nunca consegue completar seu processo de luto e acaba confundindo amor com obsessão, se negando voltar a sua realidade, porque esse mundo que acaba de conhecer é o mais próximo de seu amor que ele poderá chegar, mesmo que essa nova vida seja repleta de violência e submissão.
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