O interessante dos filmes de zumbis – sub-gênero tão amado/odiado – é que eles podem funcionar como crítica social de várias formas diferentes. Pode ser lá no início, com as referências sociopolíticas de A Noite dos Mortos Vivos (1968), de George A. Romero; ou, um pouco mais adiante, com as críticas ao consumismo de O Despertar dos Mortos (1978); ou, bem recentemente, com o louco Todo Mundo Quase Morto. Agora, é a vez de Zumbilândia, que apesar de algumas críticas sociais (“Este é os Estados Unidos da Zumbilândia”) destoa um pouco dos seus antecessores, sendo uma paródia e passando mais uma mensagem otimista do quê criticando algum comportamento social.
“A trama acompanha o jovem nerd Columbus (Jesse Eisenberg), ex-jogador de videogame solitário, virgem, que só sobreviveu ao holocausto zumbi porque continuou fazendo nele o que sempre fez melhor: se esconder atrás de suas regras rígidas. Já Tallahassee (Woody Harrelson) é o oposto, não tem medo de nada e é o melhor naquilo que faz: matar mortos de vez. Em um mundo pós-apocalíptico, Columbus e Tallahasse formam uma dupla perfeita de sobreviventes... até descobrirem que existem outras pessoas, as irmãs Wichita e Little Rock (Emma Stone e Abigail Breslin), ainda mais preparadas que eles para a vida nesse ambiente inóspito.”
O filme – que, inicialmente, seria uma série de tevê – é dirigido pelo estreante Ruben Fleischer, oriundo dos vídeo-clipes – ramo que vem trazendo diretores bem talentosos, como Mark Webb, novo diretor dos filmes do Homem-Aranha, que tem como trabalho de estréia 500 Dias com Ela
Fleischer dirige o filme de forma bastante divertida e criativa, dialogando muito bem com seu principal mercado consumidor: o público jovem. O roteiro, escrito por Rhett Reese e Paul Wern, não apresenta nenhuma grande inovação ou trama bem elaborada. Na verdade, não existe nem mesmo uma “história”. São quatro pessoas perdidas em um mundo infestado por zumbis e que não sabem muito bem aonde ir.
Afora as já citadas críticas sociais, presentes em todos os bons exemplares de filmes de zumbis, o que a dupla de roteiristas quer passar com o filme é o que o personagem de Woody Harrelson ensina em determinado momento: “Aproveite as pequenas coisas”. Se todo o planeta está destruído e não temos para onde ir, vamos nos divertir com o que nos resta. No caso deles, destruir lojas de conveniência, dormir em mansões de Hollywood ou, até mesmo, arriscar a vida procurando doces. Em um mundo tão cheio de más notícias como o nosso, uma mensagem como essa é bem interessante e oportuna.
O filme conta com um excelente elenco. Woody Harrelson (Assassinos por Natureza), que está sendo redescoberto, é o mais experiente. O seu Tallahassee é divertidíssimo, fazendo o tipo durão que adora matar zumbis. Jesse Eisenberg (Férias Frustradas de Verão) se sai muito bem como o nerd doce e neurótico. Abigail Breslin ( a Pequena Miss Sunshine) – que vem tendo uma pré-adolescência bem mais agradável que a de Dakota Fanning – e Emma Stone, de Superbad - É Hoje – também estão bem à vontade em seus papéis. O filme ainda tem uma pequena (mas genial) participação de Bill Murray, astro cult do momento e um dos meus atores preferidos, interpretando a si mesmo.
Zumbilândia é uma ótima comédia de zumbis, que mantém os elementos básicos desse famoso sub-gênero, inclusive a crítica social, mas nunca se leva muito a sério, funcionando mais como paródia. Um filme que busca, acima de tudo, divertir. E executa tal tarefa de maneira formidável. Ao assistir a Zumbilândia... aproveite as pequenas coisas.
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