Depois da trilogia X-Men, que teve começo e meio muito bem realizados por Bryan Singer (Superman – O Retorno), mas viu sua parte final – dirigida por Brett Ratner, da franquia A Hora do Rush – destruir aquilo construído pelos primeiros, X-Men, a famosa série dos Quadrinhos, retorna às telas com X-Men Origens: Wolverine, que, ao lado do Homem-Aranha, é um dos personagens de HQs mais populares.
O filme, como é de se imaginar ao ler o título, busca explicar como o mutante canadense surgiu. Tudo começa no Canadá, na infância de Logan (Hugh Jackman – que já imortalizou tal personagem no cinema), quando ele descobre que não é um garoto comum, junto de seu irmão Victor Creed / Dentes-de-sabre (!!!), e terminam no Exército norte-americano, onde lutam várias guerras, até seram incorporados a um secreto grupo de mutantes. Nesse grupo, surgem os primeiros confrontos de personalidade entre os dois, criando aquilo que seria a grande rivalidade do mundo Marvel. No decorrer da trama, vários mutantes entram no caminho de Wolverine, como os populares Gambit e Deadpool.
A maior qualidade do filme – e única – é o aspecto técnico das cenas de ação. Com exceção do primeiro combate entre Logan e Dentes-de-sabre, que é bastante escuro e com cortes de câmeras tão rápidos que deixam até os mais atentos confusos com o decorrer da luta, todas as outras cenas são muito bem dirigidas – quem dirige a produção é Gavin Hood, de Infância Roubada, filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2006 – e os efeitos especiais convencem, apesar de falharem, às vezes.
O roteiro é assinado – ou melhor, assassinado – por David Benioff (O Caçador de Pipas) e Skip Woods (Hitman - Assassino 47), que exageram nos buracos em relação à trilogia de X-men – que apesar de ser um projeto diferente, compartilha dos mesmos personagens, devendo, então, ser levada em conta – e nos desnecessários combates físicos.
Qualquer encontro entre mutantes é motivo de pancadaria, chega a ser ridículo, como na primeira participação de Gambit e na invasão à instalação africana onde diamantes são negociados. Os diálogos são cruelmente deixados de lado, as abordagens de temas tão intrísecos a X-Men e ao cenário mutante, como o preconceito e a auto-aceitação são relegados, e cedem espaço às explosões e ao quebra-pau. Mutantes bem conhecidos dos Quadrinhos são vomitados na tela a todo momento, alguns totalmente supérfulos, mostrando claramente que seu objetivo alí é apenas levar um maior número de fãs às salas.
Entretanto, grande parte dos defeitos do filme estão claramente relacionados à grande interferência da 20th Century Fox. No começo do ano, circulou a informação que o estudio da raposa exigiu refilmagens, pois não gostou do longa feito pela equipe. As mudanças realizadas buscavam um maior apelo comercial.
No elenco, vale destacar o trabalho de Hugh Jackman e Liev Schreiber (Victor Creed / Dentes-de-sabre), a relação de amor e ódio deles dois é a mais profunda do filme – não que isso signifique muita coisa, pois o roteiro faz questão de não valorizar nenhum dos relacionamentos humanos, ou mutantes, da história. Até mesmo a história de amor vivida por Wolverine passa em branco.
X-Men Origins: Wolverine mostra-se um filme divertido, mas sem profundidade alguma, que pretere os diálogos e temas tão fortes no mundo de X-Men. Dessa forma, desperdiça a origem de um grande personagem dos gibis com excessivas cenas de ação e exageros no número de personagens, fato que acaba dando ao filme um ar bastante superficial.
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