Por muitos considerada uma das mais importantes histórias em quadrinhos, Watchmen – grafic novel lançada na década de oitenta, a partir do roteiro de Alan Moore e dos desenhos de Dave Gibbons – chegou aos cinemas causando um misto de
sentimentos em seus inúmeros e apaixonados fãs.
Um deles era a sensação de pura empolgação por ter, agora, a oportunidade de ver nas telonas tudo aquilo lido e adorado, ver aqueles personagens ganhando vida. E o outro, o medo de que acontecesse com Watchmen o mesmo que aconteceu às outras obras de Alan Moore: uma adaptação para o cinema pífia e sem a essência da obra original.
A história, que, até aqui, já deve ser de conhecimento de todos, “se passa em outubro de 1985, nos EUA, numa época marcada pela Guerra Fria e o iminente conflito nuclear entre o país e a União Soviética. O violento assassinato de Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan) faz com que histórias esquecidas no passado venham à tona. Conhecido como Comediante, Blake fez parte de dois grupos de combatentes do crime que atuavam fantasiados pelas ruas dos EUA. Os Minutemen foram formados em 1940; a segunda geração, os Watchmen, atuou até 1977, quando foi criada a lei Keene, que tornava ilegal a atividade de justiceiros mascarados. O assassinato do Comediante faz com que os personagens voltem a se reunir a fim de descobrir que tipo de conspiração é essa que levou ao crime.”
O escolhido para assumir a responsabilidade de não decepcionar (enfurecer) uma legião de fãs foi Zack Snyder, que em seu trabalho anterior, 300, uma outra adaptação de grafic novel, foi muito bem sucedido.
Snyder, como fã, mostrou um grande respeito pela obra original, sendo extremamente fiel, à medida que fazia algumas mudanças necessárias para o andamento do filme; tudo isso, claro, sem deixar de colocar suas marcas como diretor – como a câmera lenta que rapidamente acelera nas cenas de ação e sangue, muito sangue.
Apesar das mudanças feitas por Snyder e a dupla de roteiristas David Hayter e Alex Tse – como a supressão de algumas sub-tramas e, até mesmo, a mudança de um importante elemento do final –, o filme tem uma forte linguagem de revista em quadrinhos. Por exemplo, os muitos flashbacks, que para os fãs, como eu, não incomodam nem um pouco, mas, para aqueles que nunca tiveram acesso ao material de Watchmen, podem parecer confusos e enfadonhos.
O elenco, que não possui nenhuma grande estrela, está muito bem, de forma geral. Com destaques para Jackie Earle Haley, que vive o soturno e perturbado Rorschach, e consegue ser, ao mesmo tempo em que é cruel e impiedoso, carismático e cativante; e Jeffrey Dean Morgan, que dá vida ao amoral Comediante, passando bem, apesar do pouco tempo em tela, a dicotomia que representa tal personagem.
Visualmente o filme é excepcional. Com um visual sombrio e taciturno, retrata bem o clima da história. Vale também destacar o visual do Dr. Manhattan, personagem vivido por Billy Crudup, que é totalmente feito por computação gráfica.
A trilha sonora é outro elemento que merece destaque. Recheada de músicas pop e muito bem adequadas às cenas, ameniza o clima tenso que acompanha toda a trama.
Watchmen – O Filme derruba o status de inadaptável da tão aclamada HQ de Alan Moore e por sua fidelidade a obra original deve agradar à maioria dos fãs, apenas fãs, porém.
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