Avatar: A Lenda de Aang, animação da Nickelodeon, ganhou uma adaptação em live action para os cinemas sob o comando de M. Night Shyamalan. O controverso diretor, acostumado a roteiros originais e tramas de mistério nas quais predominam o diálogo, trabalha aqui com material adaptado, muitos efeitos especiais e cenas de ação – sem falar de um público consumidor bem mais novo.
Mas Shyamalan, apesar do material pouco característico, consegue empregar o seu estilo ao filme. O misticismo e as questões interiores são supervalorizadas em detrimento da ação, o que pode decepcionar muita gente, inclusive fãs, mais acostumados e ávidos por um cinema de espetáculo. Em O Último Mestre do Ar (nome que o filme recebeu por causa do outro Avatar) tem ação, as cenas de lutas são interessantes (como no desenho), bem filmadas, mas não é isso que Shyamalan quer mostrar.
Ele quer mostrar o drama pessoal do garoto Aang. Ele é o Avatar, o único dentre todas as Nações que consegue manipular os quatro elementos e comunicar-se com os grandes espíritos. Tem para sim a missão de equilibrar a relação entre as quatro Nações existentes (a Tribo das Águas, o Reino da Terra, a Nação do Fogo e os Nômades do Ar). É uma trama profunda e dramática que, no desenho, ganha grande inserção cômica para não se tornar pesada para o público predominantemente infantil. Aqui, Shyamalan esquece um pouco o lado cômico e aposta na espiritualidade.
Acostumado a roteiros que devem esconder e não expor, o indiano se atrapalha um pouco ao introduzir o expectador nessa complicada história. É muita informação para se dar em tão pouco tempo (o filme abrange toda a primeira temporada do desenho).
O elenco também não ajuda. É o pior grupo de atores que Shyamalan já trabalhou em toda a sua carreira. Não só as crianças, mas também os adultos. Todos são péssimos atores. Com destaque (negativo, é claro), para Aasif Mandvi, o Comandante Zhao, e o protagonista Noah Ringer, que parece ter saído do elenco mirim das novelas da globo.
Em um filme que poderia se tornar um show de pirotecnia, Shyamalan dá segundo lugar à ação e foca nos dramas internos. O que não necessariamente torna o filme bom, é apenas um diferencal. Na verdade, seus defeitos são bem evidentes: a falta de ritmo, os atores, o roteiro. O filme foi tido como uma bomba pelos críticos norte-americanos. Eles, é claro, exageram nos defeitos quando se trata de Shyamalan, que já não dá mais ouvidos. Melhor assim.
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