Cameron Crowe é um diretor de bons filmes. Jerry Maguire - A Grande Virada, Quase Famosos e Vanilla Sky podem não agradar a todos, mas são filmes acima da média. Tudo Acontece em Elizabethtown, lançado em 2005, é tão bom quantos os outros, mas, talvez, não tenha recebido a atenção merecida. Um grande erro, pois é um ótimo filme.
No filme, depois de fazer a empresa em que trabalha perder milhões de dólares (“quase um bilhão”), Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido por justa causa. Não bastando, o rapaz leva um fora de sua namorada Ellen (Jessica Biel) e, prestes a cometer um doloroso suicídio, recebe a notícia da morte do seu pai. Com isso, ele deve arrumar as malas e partir para o Kentucky, mais precisamente para a pequena cidade de Elizabethtown, local de nascimento do seu pai e lugar onde ele estava quando morreu. Na viagem, ele conhece a animada comissária de bordo Claire (Kirsten Dunst), que ensina a ele como chegar na pequena cidade (“não esquecer a 60B”).
Por aqui, o filme foi vendido como uma comédia romântica, coisa que está longe de ser. Nem a comédia nem o romance predominam. Eles estão lá, mas é o drama o dono do maior quinhão. Temas como o fracasso, a relação entre pais e filhos e a maneira como encaramos a vida são todos tratados no desenrolar da trama (algumas vezes de forma cômica, outras de forma emotiva), sempre com um caráter bem pessoal – Crowe é do Kentucky e seu pai também havia falecido a pouco tempo.
O sempre criticado Orlando Bloom está bem no papel de fracassado cativante (que chegou a ser de Ashton Kutcher, mas este acabou sendo demitido pela sua "incapacidade de atuar"). Apesar de deslizar uma vez ou outra, Bloom não deixa a desejar e possui uma química incrível com Kirsten Dunst, que está maravilhosa. Dunst deixou de atuar no ótimo A Vila (leia a crítica aqui) para fazer Tudo Acontece em Elizabethtown. Claire, sua personagem, é para Drew, analogicamente falando, o que o filme é para nós: transmissor de uma grande mensagem positiva.
O filme conta, ainda, com duas participações de luxo. Alec Baldwin (do hilário seriado 30th Rock) interpreta o patrão de Drew. Suas cenas são curtas, mas, de longe, são algumas das mais engraçadas. A outra participação de luxo é de Susan Sarandon, que interpreta a mãe do personagem de Orlando Bloom. No discurso perto do fim, a atriz dá, literalmente, um show.
Como em todos os filmes de Cameron Crowe, a trilha sonora é maravilhosa. Elemento importantíssimo, ela amplia a intensidade da cena. O resultado é quase sempre magnífico. Vale destacar o momento no qual toca Free Bird, clássico do Lynyrd Skynyrd – demais!
Cameron Crowe é um diretor de poucos filmes. Suas pausas entre um e outro são enormes (Tudo Acontece em Elizabethtown é o seu mais recente). Mas os fãs não precisam ficar tristes, Cameron tem dois trabalhos agendados, um com estreia marcada para 2011. Enquanto não chega, assista aos antigos, mesmo que seja pela segunda, terceira ou quarta vez.
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