De uns tempos para cá, os “bromances” ganharam força em Hollywood. O termo (combinação aglutinada de brother e romance) representa aquele forte sentimento de amizade que surge entre os homens e que, geralmente, é declarado na forma de um “te considero para caramba, cara”.
Superbad – É Hoje, 2007, é um dos primeiros dessa nova safra de comédias sobre amizade masculina que, diferentemente de suas opositoras românticas, tem como principal público alvo os homens. É o que se pode ver em filmes como Eu Te Amo, Cara, Se Beber Não Case, O Dia da Transa e o recente Um Parto de Viagem.
Em Superbad, a amizade em questão é a dos “losers” Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera). Amigos desde os oito anos e bem próximos de terminar o colegial, os dois tentam ignorar o fato de que vão se separar no próximo verão – irão para universidades diferentes.
Ao invés de lidar com isso, eles dedicam toda atenção (principalmente Seth) a última possibilidade de conseguir algum sucesso com as garotas antes da faculdade. E para alcançarem tal objetivo precisarão da ajuda de Fogell (Christopher Mintz-Plasse, O Red Mist de Kick-Ass), “nerd” clássico, que com sua identidade falsa – na qual responde pelo discreto nome de McLovin –, comprará algumas bebidas alcoólicas para a dupla. É nessa odisséia adolescente que consiste o filme.
A química entre Hill e Cera é incrível. O primeiro faz o tipo “gordo pervertido” e tem, de longe, as melhores falas (como aquela em que discorre sobre seus desenhos na infância ou do formato do seu pênis na calça jeans mais apertada). Cera, por sua vez, faz o mesmo personagem de Juno, Scott Pilgrim, e Nick & Norah: o nerd calmo e sentimental. Se, por um lado, demonstra pouca (ou nenhuma) versatilidade do ator, por outro, resulta em algo que ele sabe fazer muito bem.
Enquanto foca apenas nesses dois personagens, o roteiro escrito em parceria por Seth Rogen e Evan Goldberg é eficientíssimo. No entanto, o filme perde ritmo a partir da criação de uma trama paralela protagonizada por McLovin e os dois policiais que o tem sob “custódia”.
Os momentos brilhantes de Hill e Cera passam a dividir espaço com outros de puro tédio, que em nada contribuem à trama. Os policiais, um deles interpretado pelo próprio Rogen, são chatos e caricatos, seguindo aquele esgotado estereótipo norte-americano de “tira babaca”. As piadas perdem a graça. É praticamente outro tipo de humor (um bem pior). E a atuação afetada de Mintz em nada ajuda nesse aspecto.
Mas isso não faz de Superbad – É Hoje um filme ruim. É apenas um contra em meio a tantos prós. A forma natural e sutil com que o diretor Greg Mottola (do bom Férias Frustradas de Verão) trata a relação de amizade entre a dupla protagonista e o timing cômco desta superam esses pequenos problemas . Não é o filme ideal para se assistir com a namorada. Os amigos seriam a melhor escolha. Nem que seja para, ao final do filme, trocar o “eu te considero para caramba” por um “eu te amo” – mas sem muito contato físico, é claro.
Ótimo texto! hahaha