Em 1999, quando o suspense já não era o mesmo, um jovem indiano com cidadania americana, fã de Spielberg e Hitchcock surpreendeu a todos com um filme sobre um garoto que via gente morta. O filme é O Sexto Sentido (The Sixth Sense), o tal indiano, M. Night. Shyamalan. O filme fez um sucesso estrondoso de público e crítica, arrecadou aproximadamente US$ 300 milhões nos Estados Unidos e mais de US$ 680 milhões ao redor do mundo, além de ser indicado a seis Academy Awards – incluindo melhor filme, roteiro e diretor.
O filme conta a história do Dr. Malcolm Crowe (Bruce Willis), um respeitado psicólogo, mas que tem na consciência o fato de ter falhado com um antigo paciente. Quando tem a oportunidade de ajudar o jovem Cole (Haley Joel Osment), o doutor descobre que o caso pode ser muito mais grave do que qualquer outro que já enfrentara. Afinal, o menino tem o trauma de ver os mortos.
A direção do indiano é perfeita. Ao lado de uma inspirada trilha sonora, mantém sempre o ar de tensão. Qualquer tomada e movimento de câmera tem algum significado, nada é por acaso, tudo tem alguma contribuição narrativa para a obra.
O roteiro, escrito pelo próprio Shyamalan – que após ter recebido um péssimo tratamento da Miramax enquanto rodava seu filme anterior, Olhos Abertos, resolvera escrever o melhor roteiro de todos os tempos para nunca mais passar pelo que passou – carrega um dos finais mais surpreendentes da história do cinema (e que todo mundo na face da terra já deve saber), uma marca que amaldiçoaria o diretor, posteriormente.
O elenco conta com Bruce Willis, em um dos seus melhores papéis e Tony Collete, uma talentosíssima atriz, muitas vezes mal aproveitada, não sendo esse o caso. Collete vive a mãe de Cole, uma mulher trabalhadora que sofre bastante com os problemas do filho, mesmo sem conhecê-los verdadeiramente. Ela foi indicada ao Oscar por esse papel.
No entanto, o grande destaque do elenco é o garoto Haley Joel Osment, com onze anos na época, que carrega o filme, com uma interpretação indiscutivelmente madura. Assim como Collete, ele também foi indicado ao Oscar daquele ano.
Tecnicamente perfeito e com belíssimas atuações, O Sexto Sentido abriu as portas de Hollywood para Shyamalan, criando, sobre o indiano, uma grande expectativa por trabalhos tão bons e surpreendentes quanto esse. Uma pressão que, pouco a pouco, foi sabotando a carreira do diretor e iniciando uma guerra com a crítica especializada.
Ícone do suspense e dos “finais surpresa”, O Sexto Sentido não é o melhor trabalho de M. Night Shyamalan (ainda prefiro Corpo Fechado e A Vila), mas, sem dúvida, é o trabalho mais importante desse talentoso cineasta.
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