Ainda nem estreou, mas o novo filme do ora queridinho de Hollywood Christopher Nolan (Batman - O Cavaleiro das Trevas) já vem dando o que falar. Inception (A Origem, por aqui) conta com um elenco estelar (Leonardo DiCaprio, Ellen Page, Michael Caine, Marion Cotillard), um diretor de talento e uma trama (que envolve máquinas que invadem sonhos) extremamente original, certo? Errado – pelo menos no que diz respeito à última parte.
Errado porque em 2006 foi lançado Paprika, filme em animação baseado no romance, de 1993, do japonês Yasutaka Tsutsui. O filme, lançado diretamente em DVD por aqui, conta a história de uma equipe de psicoterapeutas que desenvolve um aparelho capaz de entrar nos sonhos dos pacientes, e, assim, ajudá-los com suas doenças.
No entanto, três modelos desse aparelho são roubados e passam a ser usados de forma perigosa por terroristas, que entram nos sonhos das pessoas, manipulando-os, misturando aquilo que entendemos como realidade com o mundo dos sonhos. Além disso, rumores indicam que uma jovem chamada Paprika vem realizando consultas não-autorizadas com o tal aparelho “invasor” de sonhos.
Dirigido por Satoshi Kon (de Tokyo Godfathers, filme citado em Paprika), o longa tem uma trama deveras complicada, repleta de elementos psicodélicos, que exige grande atenção e raciocínio rápido de quem assiste – uma cena que começa no mundo real pode terminar no mundo dos sonhos sem nenhum aviso. Muitas das informações dadas (que são muitas) não são mastigadas para o público. Quem assiste deve absorver o visto e chegar às suas próprias conclusões.
O excesso de complexidade na trama e a maneira como ela se desenrola torna Paprika, inicialmente, um filme difícil de se assistir, mas que, a partir do momento em que nos envolvemos com a história, se torna difícil de deixar de assistir.
A animação, de fato, mostrou-se a maneira ideal para adaptar a obra de Yasutaka Tsutsui. É difícil imaginar como o mundo onírico, com suas cores e formas, que caiu tão bem no traço animesco, seria reproduzido em uma produção em live action – ou, até mesmo, em uma animação em computação gráfica.
Indicado ao Leão de Ouro, prêmio máximo do Festival de Veneza, em 2006, Paprika é uma complexa experiência sensorial que parece ter sido concebida através de um sonho. Mais um exemplar das boas animações feitas no Oriente. Só não se engane com os desenhos e cores, Paprika não é um filme para crianças. É para adultos, e daqueles que gostam de pensar (e sonhar).
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