Para muitos fãs de HQs (inclusive eu), três eram os filmes mais esperados do ano: Homem de Ferro 2, Kick-ass – Quebrando Tudo e Scott Pilgrim Contra o Mundo. Dos três, apenas o último ainda não foi lançado (o longa estreia 13 de agosto nos EUA e 15 de outubro no Brasil). O primeiro conseguiu superar as expectativas. O segundo, lançado 18 de junho por aqui, felizmente, também.
Baseado na HQ de Mark Millar e John Romita Jr., Kick Ass – Quebrando Tudo conta a história de Dave Lizewski, um típico nerd fracassado fã de quadrinhos, que, depois de refletir sobre o porquê de ninguém nunca ter tentado ser um super-heroi de verdade, decide se transformar em um. Ele toma coragem, compra uma roupa de mergulho no eBay e, então, nasce Kick Ass.
O filme foi rodado de forma independente, com um orçamento de 30 milhões de dólares – pouco para um filme hollywoodiano). Tal “independência” deu ao diretor Matthew Vaughn (Nem Tudo É o que Parece) a liberdade de fazer o filme do jeito que ele bem entendesse – com muita violência e palavrões, e uma conseqüente censura 18 anos.
Quem vive o herói Kick Ass é o inglês Aaron Johnson. O jovem e promissor ator (de Nowhere Boy, cinebiografia de John Lennon ainda inédita por aqui) se sai muito bem como o atrapalhado personagem. Johnson assegura que não teve nenhuma preparação especial para as cenas de ação, já que a intenção era realmente mostrar alguém sem nenhuma noção de técnicas de combate.
O vilão do filme é interpretado pelo sempre presente Mark Strong (Sherlock Holmes), um milionário traficante que vê seus “negócios” prejudicados por alguém que ele acredita ser Kick-Ass. No entanto, quem está causando o estrago são dois super-heróis de verdade: Big Daddy (Nicolas Cage) e sua pequena filha Hit-Girl (Chloe Moretz).
Cage está demais no papel. Grande fã de quadrinhos (o “Cage” do seu nome é uma homenagem a Luke Cage e um dos seus filhos se chama Kal-El), ele inspirou no Batman de Adam West para compor seu personagem, o que o torna, é claro, divertidíssimo. Mas é a pequena Chloe Moretz (500 Dias com Ela) que rouba a cena, ou melhor, o filme inteiro!
A atriz (hoje com 13 anos, mas com 11 na época das filmagens) passou por um duro treinamento para viver Hit-Girl (sim, ela sabe usar todas aquelas armas – inclusive a faca!). As melhores cenas de ação são protagonizadas por ela, que profere vários palavrões e realiza chacinas dignas de Kill Bill. O elenco ainda tem Christopher Mintz-Plasse (o eterno McLovin), como Red Mist, um herói tão desajeitado quanto Kick Ass.
O roteiro (escrito pelo diretor Matthew Vaughn e Jane Goldman) se concentra em uma única trama, não desenvolvendo bem as poucas histórias paralelas que existem, o que deixa o texto muito simples narrativamente falando. Mas isso não é bem um problema, já que Kick Ass – Quebrando Tudo não procura complexidade. Ele vai direto ao ponto, que é o que o público jovem (principal consumidor) deseja.
O filme acerta em cheio no diálogo com tal público. As cores são fortes, referências à cultura pop onipresentes, a trilha sonora empolgante. Sem falar dos inúmeros e inventivos artifícios visuais usados por Vaughn, como contar a origem do personagem de Cage através de uma revista em quadrinhos. Todos esses elementos dão ao filme um ar cool, e é exatamente disso que ele precisa.
A crítica da Veja Isabela Boscov, ao analisar o filme, o comparou com Pulp Fiction: Tempo de Violência. Eu entendo o que ela quis dizer, mas acho que, pelo colorido e a maneira através da qual a violência é retratada, Kick Ass – Quebrando Tudo se parece muito mais com Kill Bill - Volume 1. E se é para comprar os dois filmes, garanto que Hit-Girl não fica atrás de Beatrix Kiddo.
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