Em 2005, foi lançada uma adaptação de O Guia do Mochileiro das Galáxias, livro publicado em 1979, e cultuado por uma legião de fãs. Escrito pelo inglês Douglas Adams (1952-2001), o livro, que surgiu na rádio, é o primeiro de uma série que mistura de forma irresistível ficção científica com aquele humor bem típico dos ingleses – um humor bem Monty Python, se é que você me entende.
No filme, pouco antes da Terra ser destruída por alienígenas, Arthur Dent (Martin Freeman) e Ford Prefect (Mos Def), dois amigos, conseguem fugir pegando carona em uma nave alienígena, quando Perfect assume ser um E.T. disfarçado, que fazia pesquisas para um guia de viagens interplanetário: O Guia do Mochileiro das Galáxias.
O filme foi dirigido pelo então estreante Garth Jennings – indicado por Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich), que recusou o trabalho – a partir de um roteiro escrito pelo próprio Douglas Adams, com revisão de Karey Kirkpatrick (A Fuga das Galinhas, As Crônicas de Spiderwick). O resultado, porém, não é nada bom.
O roteiro é mal adaptado. Chega a ser surpreendente que as mãos de Adams tenham passado por ali. A maneira como o livro é passado da linguagem literária para a cinematográfica é bastante ruim. As piadas se perdem, os personagens enfraquecem, as ácidas críticas passam despercebidas.
Temos a entrada de novos personagens, novas situações e relações, algo que, se feito de maneira coerente, seria ótimo, afinal, trata-se de um filme, não de um livro, mudanças devem ser feitas. Mas isso não acontece, o roteiro é mal escrito, tudo parece atropelado, mal explicado e desenvolvido. Tudo é muito chato, na verdade.
O elenco até se esforça, mas não consegue fazer um bom trabalho. Prejudicados pelo péssimo roteiro, não têm espaço para dar vida aos seus personagens, não tem o tempo para desenvolvê-los. Alguns ótimos personagens são esquecidos e passam quase despercebidos, como é o caso de Marvin, o robô extremamente depressivo, que tem sua voz feita por Alan Rickman, o Snape de Harry Potter.
Ainda completam o elenco Sam Rockwell, bem fraco como o excêntrico Zaphod Beeblebrox, Zooey Deschanel, como Trillian, e John Malchovich, numa participação totalmente desnecessária – ele não leu o roteiro antes de aceitar o trabalho?!
Mas quem pensa que o roteiro é o único problema se engana. A trilha sonora é fraquíssima, totalmente inadequada. O design dos alienígenas é muito ruim. Criaturas jocosamente descritas no livro ganham visual digno de peças de colégio. Tudo parece mal-acabado. A montagem é uma piada.
No final das contas, O Guia do Mochileiro das Galáxias é um filme mal realizado. Que não aproveita o ótimo texto que tem em mãos. Não só é uma péssima adaptação, como também um péssimo filme . Um fracasso nas bilheterias esquecido pela Disney (que pensava em uma trilogia, no começo). Confesso que, como fã da série, me senti ofendido, ao final da película.
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