Com Bastardos Inglórios, fantasia sobre a Segunda Guerra Mundial, Quentin Tarantino demonstra um grande amadurecimento como cineasta. E o mais importante: esse amadurecimento aconteceu sem que o diretor perdesse sua marca, sem que ele deixasse de ser “Quentin Tarantino”.
O filme – que teve a melhor abertura mundial para um filme de Tarantino, 27,5 milhões – se passa durante a Segunda Guerra, na França ocupada pelo exército alemão. Lá, a jovem Shosanna Dreyfus (Mélaine Laurent) testemunha a execução da família pelo coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Porém, ela consegue escapar e passa a viver sob a identidade de uma proprietária de cinema em Paris, enquanto aguarda o momento certo para se vingar. Ainda na Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados judeus para lutar contra os nazistas. Conhecido pelo inimigo como "Os Bastardos", o grupo de Aldo recebe uma nova integrante, a atriz alemã e espiã disfarçada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger), que tem a perigosa missão de chegar até os líderes do Terceiro Reich. Os destinos dos dois grupos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua própria vingança.
Como é de se esperar de todo filme de Tarantino, Bastardos Inglórios é muito bem escrito. Dividido em capítulos (que foram filmados na ordem apresentada no filme, coisa difícil de acontecer em uma produção), o roteiro apresenta muito bem todos os personagens, suas histórias e como elas se cruzam. Tudo isso recheado com grandes homenagens e citações a outros gêneros do cinema – como o próprio título do filme, que é retirado do filme italiano Quel Maledetto Treno Blindato (1978), e a trilha sonora típica dos faroestes italianos.
Todo o elenco está maravilhoso. Não foi à toa que o filme ganhou o prêmio do Sindicato dos Atores de Melhor Elenco. Brad Pitt está caricato do jeito que deve ser como o líder dos Bastardos, é impossível não se divertir com o seu sotaque sulista. Mélanie Laurent está linda e vingativa como Shosanna. No entanto, o maior destaque no que diz respeito às atuações é o antes desconhecido por aqui Christoph Waltz (vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e de quase todos os outros prêmios que foi indicado por esse papel). O alemão, que fala inglês, italiano, francês e faz o coronel nazista mais conhecido como “Caçador de Judeus”, rouba a cena sempre que aparece – suas cenas com Pitt são as melhores!
O filme ainda conta com uma excelente fotografia, trabalho de Robert Richardson (já duas vezes premiado no Oscar pelos trabalhos em O Aviador e JFK) e uma trilha sonora deveras instigante – que vai dos temas de faroeste à músicas pop. Bastardos Inglórios é, visualmente, o mais belo filme de Tarantino, ao lado de Kill Bill.
Com um tema perfeito para ser premiado no Oscar – afinal, descapelar nazistas e explodir um teatro cheio deles é muito bem visto em Hollywood –, Bastardos Inglórios foi patricamente esquecido pela Academia, levando apenas uma das oito categorias a que estava indicado. Mas, acima de tudo, o filme revela um grande amadurecimento por parte de Tarantino, que continua fazendo aquilo que sempre fez – misturando escolas, gêneros e homenageando o seus filmes preferidos –, só que muito melhor do que antes.
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