Apenas o Fim é um filme simples. Escrito e dirigido pelo estudante de cinema da PUC-RJ Matheus Souza, o filme teve como orçamento inicial o dinheiro arrecado com a rifa de um uísque. Suas câmeras foram cedidas pela própria Universidade, que também serve de locação para todo o filme – já que as câmeras não poderiam sair lá de dentro. Os atores e os demais membros da equipe são amigos do diretor.
A simplicidade na produção é diretamente proporcional à qualidade artística do filme. E não demorou para o filme começar a fazer sucesso nos festivais afora. Apenas o Fim ganhou os prêmios de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio, Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32ª Mostra de São Paulo, e foi selecionado para festivais como o de Miami e o de Rotterdam.
No filme, uma garota (vivida por Érika Mader, sobrinha de Mallu Mader) decide abandonar o namorado Antonio (Gregório Duvivier) e fugir para um lugar desconhecido. Antes de partir, porém, ela resolve encontrá-lo, para que eles possam passar uma última hora juntos. Nesse último momento juntos, eles fazem um balanço do relacionamento.
O texto de Matheus Souza é eficientíssimo ao tratar essa última “discutida de relação” de forma descontraída, mas sem perder o lado sentimental e emocional – afinal, trata-se do fim de um relacionamento. Os diálogos rápidos e naturais são recheados por elementos e referências à cultura pop (como Pokémon, Star Wars, Mario Bros, etc.), o que faz com que o filme funcione melhor para esse público.
O jovem cineasta não esconde suas influências – que vão dos cineastas Woody Allen e Domingos de Oliveira a filmes como Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol. Matheus Souza pega essas influências e as dá um tempero próprio, que é justamente essa pitada de cultura pop.
Outro aspecto positivo do filme são as atuações. É incrível como os diálogos entre os atores soam naturais, a ponto de não sabermos bem se aquilo foi improvisado ou se já estava escrito no roteiro. Gregório Duvivier e Érika Mader estão perfeitos em seus papéis. Ele dando um ar meio Woody Allen ao seu personagem e ela cumprindo bem o seu trabalho, que é um pouco mais complicado, pois não é fácil ser aquela que termina o relacionamento e, ainda assim, não cai na antipatia do público (é uma situação bem parecida com a do filme 500 Dias Com Ela). Vale destacar também a atuação do “amigo chato” e da “amiga hippie”, pessoas que o casal encontra no passeio pela Universidade – as duas cenas são hilárias.
Apenas o Fim é um filme interessantíssimo, que mostra que com um pouco de vontade se pode sim fazer um filme de qualidade. É a estreia de um promissor cineasta, que logo em seu primeiro filme conseguiu retratar muito bem uma geração. Mais do que recomendado!
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