Para muitos, comédia romântica é sinônimo de filme ruim. É difícil contra-argumentar esse tipo de pensamento, já que, todos os anos, inúmeras comédias românticas são lançadas seguindo uma fórmula pré-concebida, que esquece qualquer tipo de aspecto artístico para lembrar apenas de interesses comerciais. O público tem sua parcela de culpa: É ele quem lota as salas de cinemas para assistir aos "enlatados", sob o falso pretexto de diversão descompromissada.
Mas, vez ou outra, aparece alguém para mostrar que é possível produzir uma comédia romântica descompromissada, leve, que não faça feio nas bilheterias nem subestime a inteligência do espectador.
Recentemente, temos o exemplo de 500 Dias com Ela, que traz todos os elementos típicos das comédias românticas subvertidos dentro de uma gigantesca roupagem "indie". Mas Amor à Distância é um melhor exemplo de boa comédia romântica, pois não subverte ou cria nada. Trabalha com a mesma fórmula que tanto estamos acostumados a ver.
O filme, dirigido pela documentarista Nanette Burstein, trata de um tema muito em pauta e de fácil identificação hoje em dia: os relacionamentos à distânca (como o título já entrega...). Erin (Drew Barrymore) é uma aspirante a jornalista de São Francisco; Garret (Justin Long) um frustrado produtor musical de Nova York. Os dois desenvolveram um relacionamento enquanto ela estagiava em um jornal da cidade dele. Com o fim do estágio, a moça teve de voltar para a sua cidade e, descumprindo o que haviam combinado inicialmente, os dois decidem manter o relacionamento, mesmo morando em cidades diferentes.
Da estrutura narrativa aos personagens secundários (e Drew Barrymore também), tudo é bem típico das comédias românticas. Mas se é assim, o que faz de Amor à Distância um filme diferentes do "enlatados" citados no começo do texto?
A simples (mas valiosa) capacidade de navegar por um determinado gênero sem cair na banalidade. O roteirista Geoff LaTulippe utiliza cada um dos cânones das comédias românticas, só que de forma divertida e interessante, o que, na essência, eles são mesmo - desde que bem trabalhados. Aqui, não nos deparamos só com a vontade de agradar a um público fácil, tal intenção existe, é claro, mas somada à outra: a de fazer um bom filme.
Amor à Distância pode não ser o filme do ano, mas é mais um que colabora com a ideia de que diversão descompromissada não é diversão burra. E, em tempos como os de hoje , isso deve ser valorizado.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário