Declarar PARANORMAL ACTIVITY um dos melhores filmes de terror da década não é exagero. O filme faturou muito em bilheterias, mas sabemos que isso não diz nada. TRANSFORMERS e THE FAST AND THE FURIOUS são filmes ruins que conseguiram ficar no topo das bilheterias. O que torna esse filme independente tão especial? É exatamente pelo fato de não ter tido praticamente nenhum orçamento (ou nenhum) que o faz um filme melhor do que já é.
Hoje em dia, nos deparamos com grandes produtoras e diretores fazendo remakes horríveis de filmes trash ou slashers. FRIDAY THE 13TH, A NIGHTMARE ON ELM STREET, HALLOWEEN, TEXAS CHAINSAW MASSACRE, SAW, etc.
O cinema de horror não é mais como era na época de Dario Argento, Wes Craven (que descanse em paz) ou de Mario Bava. Hoje, temos muita superficialidade, sempre tendo filmes de "terror" estereotipados, sempre com alguém tropeçando ou com assassinos imortais.
Os sobrenaturais também estão sem criatividade, sempre com um fantasminha que não faz nada além de vagar pela casa e se apoderar do corpo das pessoas por motivos ridículos.
Finalmente, voltemos a PARANORMAL ACTIVITY. O diretor Peli usou sua própria casa como cenário e convidou "atores" desconhecidos para dar a falsa propaganda de que tudo era uma história real gravada. E era convincente até o lançamento do 2º filme.
Mesmo com essa técnica de marketing, o filme não perdeu o brilho. Todos conhecem a filosofia do horror: "Quanto menos se mostra, maior o medo." Acompanhamos as cortinas empurradas pelo vento, a porta rangendo ou sons nos degraus da escada. Tudo através de míseras câmeras fixas à noite.
De dia, tudo é mais tranquilo e funciona como um documentário. Algum personagem controla a câmera na maioria das vezes (câmeras fixas também aparecem de dia) e geralmente essas cenas servem para a descoberta do fenômeno pelo casal.
O filme não tem nenhuma parte técnica louvável (afinal se trata de um indie), mas as atuações são convincentes (não é à toa que muitos pensaram se tratar de um fato real). A influência de BLAIR WITCH PROJECT é visível de longe, não tem como negar.
Com essa experiência, parada e medonha, o longa nos faz ter os mesmos sentimentos dos personagens: o desconhecimento do que estamos enfrentando. Será um demônio, um espírito sem intenções ruins ou será uma maldição da própria casa?!?! Sem respostas durante o filme inteiro.
O filme dá um frio na espinha sempre que algum barulho acontece (nenhuma trilha sonora). Seus olhos têm que estar bem atentos para cada movimento na tela, por mais que seja mínimo. Essa é a ideia do diretor. E é justamente por isso que seu trabalho foi louvável!
No meio de muitas produções de diretores conhecidos no cinema de horror, essa singela gravação conseguiu ser melhor do que todos esses Leatherfaces, Jasons, Freddys e Michaels.
É um bom filme. Supervalorizado, mas bom. E a versão original, a independente, segue sendo a melhor. O re-lançamento do filme nas mãos de um grande estúdio não fez bem para o mesmo, principalmente pela edição de muitas cenas e a alteração do final, que era a melhor parte do filme e foi completamente modificado. A franquia é um lixo também, ridicularizando o trabalho original. Mas como eu disse, bom filme. Belo texto aliás. Parabéns.